Apesar de o diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek, ter dito ainda na terça-feira que a usina havia contribuído com “zero de problema” para o blecaute que atingiu 18 Estados do País, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vão investigar a geração da hidrelétrica na noite da pane no sistema de transmissão. Os órgãos de regulação e de planejamento da geração e distribuição querem saber se a produção a plena carga das 18 turbinas de Itaipu (11.850 megawatts) sobrecarregou e fragilizou as linhas de transmissão, deixando-as mais vulneráveis a “incidentes meteorológicos”.

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A Aneel terá de saber também se o planejamento da produção de Itaipu foi devidamente autorizado pelo ONS e se, eventualmente, houve erro do próprio Operador Nacional ao permitir uma produção acima do suportável pela rede de transmissão. “Itaipu pode ter trabalhado em zona de risco”, disse ontem ao jornal O Estado de S. Paulo uma fonte do governo.

Essa pressão sobre a rede pode até forçar um curto-circuito, levando a um desligamento em cascata do sistema de transmissão. “Raios, ventos e chuvas fortes”, causas apontadas pelo ministro Edison Lobão (Minas e Energia) para o blecaute de terça, podem apenas ter precipitado uma pane que já era iminente.

Reação

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Samek reagiu ao ser informado de que a Aneel pretende investigar se a usina operou acima do limite. “É ótimo que investiguem. Gostamos de ser fiscalizados. É bom deixar bem claro para a opinião pública que Itaipu trabalhou dentro da margem e com folga”, disse. A avaliação dos responsáveis pela hidrelétrica é que a acusação é “um absurdo” e que “ninguém opera sozinho” no sistema elétrico brasileiro.

Segundo o diretor-técnico da usina, Antônio Otelo Cardoso, não houve sobrecarga e a responsabilidade pelo sistema de Itaipu – que inclui geração e transmissão – é do ONS. “O que o ONS pede de energia, nós atendemos. O responsável pela estabilidade do sistema é o ONS”, afirmou. Ele esclareceu que a usina só gera a energia requisitada pelo operador nacional. “Nós só geramos o que a ONS pede. Se eles pedem, nós enviamos.”

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