Governo pode “oferecer cabeça” pelo vazamento do dossiê

Paralelamente à investigação da Polícia Federal, o Palácio do Planalto refaz o caminho das reuniões de fevereiro, das ordens e das pessoas que participaram da coleta de dados para o dossiê com dados sigilosos sobre gastos do governo Fernando Henrique Cardoso. O governo trabalha para saber se alguém de dentro do Planalto passou documentos para parlamentares da oposição e quer ?oferecer uma cabeça?, se for preciso, para proteger a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

A guerra deflagrada na Casa Civil para apurar o vazamento do dossiê está centrada em grupos que, no bastidor, são chamados de ?turma do Dirceu? e ?turma da Dilma?. Referem-se a funcionários do ex-ministro José Dirceu (2003-2005), substituído na Casa Civil por Dilma, apontada como a preferida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sua própria sucessão, em 2010.

Nesta semana, por motivos diversos, o foco das suspeitas concentrou-se sobre subordinados do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, funcionário de carreira do Tribunal de Contas da União (TCU), que chegou ao governo Lula no primeiro mandato, em 2003, levado por Dirceu. A secretária-executiva de Dilma, Erenice Guerra, continua na berlinda por ter coordenado a coleta de dados para o dossiê e por ser a segunda no comando da Casa Civil.

À procura pelo responsável pela invasão dos computadores no Planalto, o governo refaz os passos de dois assessores da Secretaria de Controle Interno (Ciset) que trabalham com Aparecido: Humberto de Mendonça Gomes Jr. e Paulo Roberto Loureiro de Alencar. Aparecido já fez dobradinha com Waldomiro Diniz na assessoria do PT em investigações promovidas por CPIs do Congresso. Waldomiro, que como Aparecido foi levado para o Planalto por Dirceu, caiu em 2004 no escândalo da divulgação de um vídeo em que, segundo as investigações da época, cobrava propina.

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