O governo federal planeja organizar uma força-tarefa para investigar a relação de assessores do governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), com grileiros de terras públicas na capital federal. O assunto já está sendo estudado pela assessoria jurídica do Ministério da Justiça e a decisão pode ser anunciada nos próximos dias.
O principal foco da atuação do grupo será em torno das gravações reveladas recentemente, envolvendo secretários de Roriz, integrantes do Judiciário e o deputado distrital eleito Pedro Passos (PSD), acusado de ser o maior grileiro do DF, com envolvimento direto em vários condomínios e loteamentos.
A força-tarefa será nos mesmos moldes que as montadas no Rio e no Espírito Santo. ?Só que nos dois Estados, os grupos especiais estão trabalhando em cima do crime organizado e narcotráfico e, no Distrito Federal, centralizará seu foco na grilagem?, informou uma fonte do Palácio do Planalto. ?O primeiro passo será apurar as gravações feitas pela Polícia Federal.?
A divulgação dos diálogos entre Passos, o secretário de Comunicação do governo do DF, Weligton Moraes, o desembargador do Tribunal de Justiça do DF Welington Medeiros, que também envolve o presidente da Terracap – empresa imobiliária do governo -, Eri Varela, chocaram as autoridades federais. ?Não existe nenhuma desconfiança direta em relação ao governador Roriz, mas há uma suspeita muito grande em torno de seus assessores e a máfia da grilagem?, afirmou a fonte.
Passos chegou a ter sua prisão preventiva decretada durante a campanha eleitoral. Ficou escondido por vários dias, até que a medida fosse revogada. Recentemente, gravações divulgadas pela imprensa mostraram a estreita relação entre o deputado distrital eleito e o desembargador Medeiros, que facilitaria decisões judiciais em favor de seus loteamentos.
O ministro da Justiça, Paulo Tarso Ribeiro, não confirmou a força-tarefa, mas não descartou a existência do estudo dentro do Ministério.
Senado
Já as investigações da comissão do Senado, abertas a pedido da senadora Heloísa Helena (PT-AL), serão presididas pelo senador Moreira Mendes (PFL-RO). Heloísa alega que a Casa não pode se omitir sobre o caso pelo fato de 49% do capital da Terracap pertencerem à União: ?As denúncias sugerem uma promiscuidade entre membros dos poderes Judiciário e Executivo no Distrito Federal com a grilagem de terras.?