Governo pede retirada de famílias em Volta Redonda

Cerca de 750 moradores do bairro Volta Grande 4, no município de Volta Redonda, no sul fluminense, devem deixar suas casas imediatamente por risco de contaminação tóxica. A recomendação foi feita pela Secretaria Estadual do Ambiente à Justiça Estadual, que analisa ação civil pública contra a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A empresa pode ser multada em até R$ 50 milhões.

O bairro, de 10 mil metros quadrados, foi construído em cima de um terreno doado aos funcionários pela CSN e que está contaminado com metais pesados e cancerígenos, como o cádmio. Essas substâncias foram encontradas em uma quantidade até 2,5 vezes acima dos limites toleráveis à saúde, constatou o órgão ambiental, com base em estudos técnicos. A multa deve ser anunciada até a próxima segunda-feira (8).

“Descobriu-se, muitíssimo recentemente, uma massa de produtos ilegais que contaminou toda essa área. Por isso, essas pessoas têm que sair imediatamente dali. E, talvez, as outras [vizinhos] também tenham. Elas estão expostas e ficaram expostas por muito tempo a níveis de contaminação insuportáveis para a saúde humana”, disse o secretário Carlos Minc.

Além da retirada das 300 famílias, a Secretaria do Ambiente recomenda que a empresa remova as substâncias tóxicas do terreno, descontamine o solo e apresente imediatamente estudos técnicos relativos a uma área em frente, onde moram mais 1,5 mil pessoas. Esse estudo foi pedido há um ano, mas ainda não foi entregue.

De acordo com o Minc, em decorrência da investigação do Ministério Público Estadual, desde 2004 a secretaria cobra estudos sobre a contaminação no bairro.

Técnicos da pasta dizem que os documentos apresentados pela CSN nunca foram conclusivos. Para evitar estender a situação, com base no último relatório, a Secretaria do Ambiente complementou as investigações.

A equipe constatou que em 13% das residências há o plantio de hortaliças e frutas como acerola, limão, coco e laranja. Os especialistas também estimam a contaminação do lençol freático. O secretário disse que as árvores da área atingida deverão ser cortadas.

O órgão ambiental acredita que o local contaminado era utilizada pela siderúrgica como de área de transbordo. “Recentemente, se descobriu uma massa enorme de produtos químicos criminosamente despejados lá e que são eles [CSN] os responsáveis pela contaminação do solo e, provavelmente, da água”, concluiu Minc.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, a prefeitura de Volta Redonda e órgãos de saúde também foram avisados do resultados dos estudos pela secretaria.

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