O governo mobiliza a base aliada no Senado para votar um pacote de medidas nos próximos dez dias e encerrar o ano com os grandes interesses aprovados. O conjunto de medidas começa pelo processo de cassação do presidente licenciado do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que deve entrar na pauta do plenário na quarta-feira. Certos da absolvição de Renan, os governistas decidiram votar, na seqüência, o primeiro turno da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e, em seguida, a sucessão no Senado.
Amparado pela regra regimental que confere à maior bancada o direito de apontar o nome do sucessor do presidente do Senado, o PMDB não criará dificuldades à administração federal. Avisou, no entanto, que o partido quer incluir um quarto item no pacote do Poder Executivo: a indicação do novo ministro de Minas e Energia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurou ao grupo do senador José Sarney (PMDB-AP), que apadrinhou a indicação do ex-ministro Silas Rondeau, que o comando do ministério ficará com a legenda, mas que só tratará do assunto depois de prorrogada a CPMF.
Ao mesmo tempo em que avaliza o calendário do Executivo, a sigla prepara-se para pressionar o Palácio do Planalto na tentativa de retomar, o quanto antes, a condução do setor energético. O ministério faz parte da cota de poder da agremiação na Esplanada dos Ministérios, embora esteja nas mãos do PT da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, há seis meses, desde a demissão de Rondeau, que pode ser denunciado pelo Ministério Público (MP) nos próximos dias por causa do envolvimento do nome dele num esquema de corrupção e fraude em obras públicas investigado pela Operação Navalha, da Polícia Federal (PF).