Governo Lula rejeita uso da Base de Alcântara

Brasília

– O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou ontem que será retirado do Congresso o projeto do acordo assinado entre Brasil e Estados Unidos para permitir o lançamento de foguetes a partir da Base de Alcântara, no Maranhão, e a transferência de tecnologia.

Segundo o ministro, o Itamaraty e os Ministérios da Defesa e da Ciência e Tecnologia elaboraram uma exposição de motivos na qual recomendam a interrupção da tramitação. A exposição de motivos, disse Amorim, encontra-se em instâncias superiores e será decidida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No próprio Congresso a tramitação enfrentava resistências, principalmente na base do PT, por considerar que o tratado feria a soberania nacional. Em março, o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B), admitiu que seria “prudente” que o projeto fosse retirado. Os pareceres aprovados pelas duas comissões, de acordo com o deputado, “são contraditórios e conflitantes”.

Durante a campanha, Lula avisou que, se ganhasse as eleições, iria rever o acordo proposto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e já aprovado na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara. O texto, de autoria do deputado José Rocha (PFL-BA), restabeleceu a proposta original e eliminou todas as salvaguardas inseridas pelo então deputado Waldir Pires (PT-BA), relator da matéria na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Segundo Rebelo, o governo “não é contrário ao acordo nem com os Estados Unidos nem com quem quer que seja”, mas o texto precisava ser renegociado. Ele insistiu que não havia como discutir com pareceres antagônicos e “politicamente comprometidos”. O parecer de Pires, que insere ressalvas ao texto, não é aceito pelos Estados Unidos. O parecer de José Rocha não é aceito pelo governo petista. O governo entende que a melhor solução é, a partir do texto de Pires, ver o que pode ser modificado, “sem atingir a soberania brasileira”.

Brasil condena reação a Cuba

Brasília

– O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, antecipou que o Brasil votará contra uma eventual resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenando Cuba por abusos na área de direitos humanos. Segundo Amorim, o governo brasileiro é contra os debates na OEA sobre essa questão pelo fato de a organização ter expulsado Cuba.

“O Brasil não apoiará a resolução porque não se pode usar um foro que expulsou um País para condená-lo”, afirmou. “Essa atitude seria discutível dos pontos de vista ético, moral e jurídico.” Amorim ressalvou que o governo considera lamentável que em Cuba vigorem ainda julgamentos sumários, condenações à morte e prisões políticas.

Embaixadores explicam prisões

Agência Câmara – A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional pretende convidar, para uma audiência pública na primeira semana de maio, os embaixadores de Cuba no Brasil, Jorge Lezcano Pérez, e do Brasil em Cuba, Tilden Santiago. O objetivo, segundo a presidente da Comissão, deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), é aprofundar o debate sobre a situação política de Cuba, especialmente as recentes prisões e execuções de opositores ao governo de Fidel Castro. Ela informou que existe também a idéia de formar um grupo de parlamentares para ir a Havana avaliar de perto a questão.

Planalto admite mudanças

Brasília

– O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que todos os partidos da base aliada vão votar a favor da proposta de reforma da Previdência que o governo encaminhar ao Congresso. “Aqui (no Congresso) é uma nova pactuação. O Congresso tem poderes”, afirmou o ministro ao responder sobre a possibilidade de o governo negociar alteração na proposta de taxação dos servidores públicos inativos. Na sua avaliação, assim que os deputados receberem os esclarecimento sobre as propostas, vão se convencer da viabilidade delas.

“Se o governo tem uma proposta, a bancada do PT vai votar com esta proposta”, disse Dirceu, depois de visitar o presidente do Senado, José Sarney. Como exemplo de lealdade citou o caso do líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, que, mesmo contra a cobrança dos inativos, vai votar a favor da proposta. “Estamos discutindo e dialogando como fizemos com a emenda que modifica o artigo 192 da Constituição. A bancada do PT votou”, disse lembrando que depois de muitas conversas o governo conseguiu aparar as resistências à mudança do artigo que trata do sistema financeiro nacional.

Campanha

Os ministros José Dirceu (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Previdência Social) e Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação e Ação Estratégica da Presidência) comunicaram aos líderes dos partidos aliados que governo começa hoje uma campanha para esclarecer pontos da proposta de reforma da Previdência.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo