O Ministério da Saúde decidiu autorizar a realização de transplantes de intestino no País. As cirurgias deverão ocorrer em centros especializados aprovados pela pasta, com financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento, utilizado como tratamento nos Estados Unidos desde 2000, hoje não é realizado no Brasil nem mesmo em hospitais privados tal a sua complexidade e custo.

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Segundo Rosane Nothen, coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, o procedimento será implantado inicialmente em caráter experimental, por meio de projeto-piloto que deverá ser encabeçado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A expectativa, afirma Rosane, é que os primeiros pacientes sejam operados já no início do próximo ano. A pasta promete ainda estruturar uma rede de atenção para pessoas que têm as funções intestinais comprometidas.

A necessidade do transplante de intestino é rara – dados de literatura médica internacional apontam demanda de 1 a 3 pacientes por milhão de habitantes por ano – mas ele beneficia principalmente as crianças – elas são 70% dos pacientes candidatos ao procedimento.

O intestino é responsável pelo transporte, digestão e absorção de nutrientes, entre outras funções. A falência do órgão pode ser gerada por malformações congênitas, doenças que impedem o intestino de absorver nutrientes, torções, problemas circulatórios e câncer, além de traumas. Os pacientes deixam de comer normalmente e têm de receber nutrição especial, por meio de soluções de nutrientes administradas pela veia (nutrição parenteral).

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Complicações

O HC foi um dos pioneiros dos transplantes de intestino no mundo. No fim dos anos 60, o cirurgião Massayuki Okumura realizou dois dos três primeiros transplantes desse tipo. Não houve continuidade das operações em razão de complicações.

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Segundo os especialistas, porém, nos últimos anos houve grande evolução de medicamentos aplicados contra a rejeição do órgão e da técnica da operação, o que permitiu que hoje existam cerca de 500 transplantes realizados em centros mundiais, com sobrevida de até 75% após um ano. Os resultados já se aproximam dos registrados para transplante de pulmão.

Os riscos, porém, ainda existem. O procedimento demanda uma carga maior de drogas contra rejeição do que outros, o que gera maior sensibilidade a infecções. No entanto, há a possibilidade de retirar o intestino transplantado em caso de problemas e retornar à nutrição parenteral.