No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, o Ministério da Saúde lança nesta terça-feira a primeira política de saúde pública voltada especificamente para esse grupo, com diretrizes especiais. Estima-se que 1% da população tenha algum grau de autismo.

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Segundo o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, o documento com as diretrizes demorou quase dois anos para ser elaborado. O objetivo do ministério é capacitar profissionais de saúde – especialmente os da rede básica – para focar no diagnóstico precoce e na reabilitação desses pacientes.

O documento inclui uma lista com vários indicadores de desenvolvimento para serem observados em crianças de até 3 anos: interação social, linguagem, brincadeiras e alimentação. O material mostra como ocorre o desenvolvimento esperado e apresenta os sinais de alerta. Por exemplo: após os 3 meses de idade, a criança já identifica a fala de seu cuidador, mostrando reações corporais e atenção. Já a criança com transtorno do espectro autista pode ignorar ou apresentar pouca resposta aos sons de fala, o que é um sinal.

“Esse documento será distribuído para todas as unidades de saúde do País para que os profissionais aprendam a identificar os sinais de alerta. Um próximo passo será ‘traduzir’ essas orientações de forma mais didática para as famílias”, diz.

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Segundo Magalhães, os pacientes mais graves serão tratados em Centros Especializados de Reabilitação (CER). Hoje existem 22 CER em construção, 23 em habilitação e 11 convênios de qualificação para que entidades que passarão a receber repasse do ministério para esse atendimento. Ao todo, serão investidos R$ 41,2 milhões ao ano para o custeio.

Marisa Fúrio Silva, presidente da Associação Brasileira de Autismo (Abra), diz que as entidades de pais de autistas esperaram por anos essa diretriz. “Até então, não havia uma política específica de atendimento no SUS para essas pessoas. Elas eram atendidas por ONGs ou serviços de saúde mental. Esse reconhecimento era nossa grande luta.”

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Segundo Marisa, o diagnóstico precoce é fundamental para que essas crianças sejam incluídas no meio social com mais facilidade. “Um dos principais problemas dos autistas é a dificuldade de comunicação. E o tratamento era muito caro. Agora, com o governo reconhecendo, o SUS deve liberar verbas para isso.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.