Foto: Arquivo/O Estado |
Apesar de os ataques terem cessado, policiais continuam de prontidão no Rio de Janeiro. continua após a publicidade |
O secretário-geral da Presidência da República, ministro Luiz Dulci, afirmou ontem que o governo federal poderá encaminhar ajuda da Polícia Federal (PF) e também tropas do Exército para o Rio de Janeiro, em razão da crise na segurança pública no estado. ?A titularidade da segurança é do governo estadual, mas estamos disponíveis a trabalhar em conjunto. Podemos ajudar desde que nos seja solicitado?, afirmou.
Contando com o apoio federal, o novo secretário de Segurança do estado, o delegado federal José Mariano Beltrame, afirmou que dará 30 dias para que policiais militares e civis em funções burocráticas se apresentem para reforçar o policiamento ostensivo na capital. Beltrame disse também que receberá a ajuda do governo federal para aumentar o investimento em inteligência. ?Ainda este mês recebemos equipamentos?, disse Beltrame.
Hoje, ele se reúne no Rio com o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa. O secretário do Rio disse que não vê, de imediato, a necessidade de convocar a Força Nacional de Segurança para o Rio, mas informou que esse assunto será tratado na reunião com Corrêa. ?A PM fez um trabalho fantástico, de imediato não acho necessário (convocar Força Nacional), mas faremos uma análise técnica e não hesitaremos em chamá-la, caso seja necessário?, afirmou ele, após a solenidade de posse do governador Sérgio Cabral Filho.
O secretário avaliou que a série de ataques criminosos desencadeados na quinta-feira passada já cessou. Ele classificou como brilhante a resposta da polícia até agora. Beltrame afirmou ainda que a polícia do Rio combaterá o surgimento de milícias em favelas sem deixar de combater outros tipos de organização criminosa.
Na cerimônia de posse do secretariado, Cabral repetiu o tom de seu discurso na Assembléia Legislativa quando citou Beltrame. ?Eu disse e repito. Nosso governo não vai se intimidar?, afirmou o governador, referindo-se aos criminosos que desencadearam os ataques como ?covardes e facínoras?.
Balas perdidas
Cerca de dois milhões de pessoas participaram, entre domingo à noite e a madrugada de ontem, da festa de ano-novo na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Militar (PM), o número foi inferior ao do ano passado. O policiamento em toda a orla foi reforçado, mas pelo menos três pessoas foram atingidas por balas perdidas logo depois da festa da virada. Uma turista de São Paulo, de 58 anos, foi baleada na coluna e levada para o hospital Souza Aguiar, no centro da cidade.
Um adolescente de 13 anos foi atingido na coxa e encaminhado ao hospital Miguel Couto, no Leblon. Um homem de 45 anos estava na varanda de seu apartamento quando foi atingido de raspão na cabeça. Ele foi levado para o hospital Copa D?or.
De acordo com a PM, nenhum dos três corre risco de morte. O Corpo de Bombeiros registrou 570 atendimentos nos postos montados em Copacabana, Ipanema e no Leblon. Grande parte das ocorrências foi por bebida alcoólica e por cortes com cacos de vidro.
Cinqüenta crianças se perderam dos pais. Em Ipanema, três jovens foram flagrados com pequena quantidade de ecstasy, cocaína e maconha. O grupo foi preso e levado para 14.ª delegacia no Leblon.
Passageiro mata dupla que ameaçou incendiar ônibus
Rio (AE) – Dois rapazes foram mortos a tiros no ônibus 335 – Cordovil, na zona norte, e Praça Tiradentes, no Centro – depois que ameaçaram o motorista e passageiros, e fizeram menção de queimar o veículo. A confusão ocorreu na madrugada de ontem, depois que quatro jovens entraram no ônibus, próximo à Vila do João, no Complexo da Maré.
Os rapazes tentaram agredir o motorista do veículo e quebraram janelas. Eles gritavam palavras de ordem, como ?o jogo é trocar tiros com o caveirão?, alusão ao carro blindado da Polícia Militar. Quando um deles falou que atearia fogo ao veículo, mesmo sem portar nenhum tipo de combustível, um dos passageiros sacou a arma e disparou contra os rapazes. Dois deles conseguiram fugir. Leonardo Nascimento Vieira, de 18 anos, e outro, identificado apenas como Ronaldo, morreram no local.
Os tiros foram disparados quando o ônibus trafegava pela Avenida Presidente Vargas, próximo à Cidade Nova, no Centro. O passageiro que fez os disparos desceu do ônibus logo depois, no Sambódromo, e fugiu. O caso foi registrado na 4.ª Delegacia de Polícia (Central do Brasil). Parentes de Leonardo disseram na delegacia que os rapazes voltavam de uma festa e não tinham intenção de atear fogo ao ônibus.