Brasília
– Ele já pediu a seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, que marque encontros com os parlamentares nos próximos dias. A primeira reunião será justamente com a bancada do PT, onde estão as maiores resistências ao projeto.O presidente da Câmara, João Paulo Cunha, agendou um jantar de Lula com os petistas para terça-feira, na residência oficial da Câmara, mas o presidente viaja no mesmo dia para Vitória (ES) e o encontro deverá ser adiado. Mas não por muito tempo. A preferência do presidente agora é que as reuniões aconteçam no Palácio da Alvorada. – O presidente está muito interessado nessas conversas. Ele quer convidar a bancada do PT a ir ao Alvorada e também já me pediu para agendar encontros com as bancadas da base -disse Carvalho.
Essa será a primeira reunião de Lula com a bancada desde que tomou posse. Deputados do campo majoritário do PT acreditam que esses encontros serão amenos e que não caberá ao presidente, num primeiro momento, discutir à exaustão os pontos mais polêmicos, como a contribuição dos inativos. -Acho difícil que ele se envolva no debate do mérito. Acredito num pronunciamento sobre a necessidade das reformas. Os pontos nevrálgicos deverão ser debatidos com Berzoini, José Dirceu e Genoino – avalia o deputado Paulo Bernardo (PT-MG).
O ministro da Previdência também terá um encontro com a bancada do PT nessa semana para tentar neutralizar as reações mais radicais à reforma. O governo quer que o debate ocorra primeiro internamente e fez um apelo para que os principais líderes do partido não debatessem o assunto publicamente, antes dos encontros.
Paulo Bernardo lembra que as propostas da reforma da Previdência já foram aprovadas na reunião do diretório do partido em março. – Estamos amparados pelo diretório. Hoje vejo uma preocupação maior dos deputados com a faixa de isenção dos inativos do que com o mérito da contribuição – diz.
A oposição já começa a cobrar mais envolvimento na negociação das reformas. O presidente da comissão especial da reforma da Previdência, Roberto Brant (PFL-MG), acredita que a contribuição dos inativos só será aprovada com o apoio da oposição. – Lula buscou primeiro apoio dos governadores. Mas agora precisa dos partidos, inclusive os da oposição. Não temos nada o que conversar com o José Dirceu -opina.