Governo enxuga quadros, mas despesa quase duplica

Uma pesquisa sobre o sistema financeiro brasileiro feita pela revista Por Sinal, lançada pelo Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central, demonstra que a contratação de 41.380 servidores anunciada pelo governo em 2004 foi motivada não por necessidade de revitalização do Estado, mas por uma razão contábil.

Em 1995, o governo contava com 600 mil servidores. Com o enxugamento da máquina, o número caiu para 400 mil em 2002. As despesas, no entanto, passaram de R$ 363 milhões, em 1998, para R$ 656 milhões, em 2002. Para o ministro do Planejamento, Guido Mantega, a diferença não se explica pela inflação, e sim pelo alto curso dos contratos de terceirização.

O secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, defendeu a ampliação do quadro, ao mesmo tempo em que tentou justificar a não-concessão de reajuste salarial aos servidores. “Seria preciso convencer toda a sociedade, que tem pessoas na informalidade, desempregadas e com salários mais baixos do que o servidor público, de que o gasto é importante.”

Já o senador Jefferson Peres (PDT-AM) alertou para os riscos de uma “mexicanização” do Brasil, pelo controle da máquina administrativa exercida pelo PT.

Previdência

A revista analisa também os primeiros efeitos da reforma da Previdência e os avanços alcançados na discussão da PEC paralela. Argumenta que o serviço público no Brasil não está “inchado”, como afirmam alguns governantes, e que deve ser considerado não como gasto, mas como investimento. Estatísticas do período pós-guerra revelam que o crescimento do emprego público alavancou a economia dos países desenvolvidos.

A mesma pesquisa, tomando como base dados do Banco Mundial, calcula que apenas um em cada três brasileiros tenha conta em banco e pague de spread bancário – a diferença entre os juros na captação e os aplicados na concessão de empréstimo – uma das maiores taxas do mundo: 49,2% contra a média de dez pontos percentuais registrada nos países desenvolvidos. No ranking de 130 nações, o Brasil figura entre os campeões de spread, mas empaca em 53.º lugar no volume de crédito.

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