Governo e PT farão último apelo para Virgílio sair

Brasília – A cinco dias da eleição do novo presidente da Câmara, o governo e o PT farão um último apelo para tentar convencer o dissidente Virgílio Guimarães (PT-MG) a desistir da candidatura à sucessão de João Paulo Cunha (PT-SP). Ao mesmo tempo, o Planalto e a cúpula do PT não vão medir esforços para eleger o candidato oficial, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), em primeiro turno, no dia 14.

Um café da manhã com os líderes aliados e seis ministros será realizado nesta sexta-feira para fazer um balanço dos votos e reforçar a campanha de Greenhalgh. A estratégia do governo é intensificar as pressões sobre Virgílio, a partir de hoje, com o retorno de políticos à capital federal. "Vamos mostrar para ele (Virgílio) que a candidatura de Greenhalgh está viabilizada e o candidato oficial será eleito no primeiro turno", afirmou o presidente do PT, José Genoino.

Para não atrapalhar as negociações com Virgílio, o dirigente petista prefere não tratar agora de punições ao candidato avulso do PT. "Não vamos precipitar nada agora", disse, ao condenar a posição do deputado mineiro. "A desistência será melhor para ele e para o PT." As negociações em favor de Greenhalgh não estarão restritas aos partidos governistas. Genoino já agendou encontros com a oposição para uma conversa que transcende a disputa pela presidência da Câmara. "Queremos melhorar a relação com a oposição e separar o que é assunto de partido e de governo", afirmou. As conversas também passam pela discussão da aprovação, este ano, da reforma política e de mudanças na Comissão de Orçamento. Os entendimentos com PSDB e PDT estão mais adiantados. A tendência da maioria desses dois partidos é mesmo apoiar Greenhalgh. Ainda esta semana, Genoino deve se encontrar com o presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG).

Com o PFL as negociações também prosseguem, embora o líder do partido na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), seja um dos cinco candidatos à sucessão de João Paulo. Genoino e Aleluia já se encontraram e ficou acertado que, em um eventual segundo turno, o pefelista vai apoiar Greenhalgh. O pefelista César Maia, prefeito do Rio, prometeu aderir à campanha do candidato oficial do PT, em contraponto ao secretário de Governo do Estado do Rio, Anthony Garotinho (PMDB) que apóia Virgílio.

Virgílio diz que punição é "lorota"

Rio – O deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG) reafirmou, ontem), que não pretende abrir mão de sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados "em nome de composições entre as facções do partido". Guimarães, cuja candidatura não tem o apoio oficial do PT, convocou entrevista coletiva na tarde de ontem, depois de passar a noite no Sambódromo, em campanha junto a políticos que acompanhavam o desfile.

"As pessoas têm que aprender a respeitar as regras do jogo", afirmou, referindo-se ao que chamou de "manobras" articuladas em Brasília para pôr fim à sua candidatura. Ele lembrou que foi o próprio PT que propôs mudanças nas regras da Câmara, instituindo as candidaturas avulsas à presidência. Guimarães passou o carnaval inteiro em campanha, em uma peregrinação desde o Amapá até o Rio, passando por diversos estados nordestinos. O parlamentar mineiro reforçou também que não acredita em punição por ter saído candidato sem o apoio oficial do partido. "Contrariar a opinião de grupos, por mais poderosos e incrustados no partido que sejam, não é indisciplina", alfinetou. "Essa história de punição é lorota, serve apenas para desviar o assunto."

Hoje, o deputado segue para São Paulo, onde deve encontrar-se com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com representantes da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Depois, retorna a Brasília. Ele não quis arriscar quantos votos terá na eleição.

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