Pressionado pela opinião pública, o governo apresentará um pacote de medidas para tentar resolver os problemas no Aeroporto de Congonhas, palco da tragédia do vôo 3054 da TAM. Entre as medidas de curto e médio prazos, uma promete provocar polêmica: o governo quer que a Anac e a Infraero imponham uma redução no número de vôos dos atuais 44 por hora para, no máximo, 36 por hora. Os demais vôos, incluindo todos os da chamada aviação geral, seriam transferidos para Cumbica, em Guarulhos, e Viracopos, em Campinas.
O pacote será fechado hoje, durante reunião do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac), no Ministério da Defesa. Se o Planalto conseguir arrancar essa decisão da reunião do Conac, significará uma derrota para a Anac, que nunca conseguiu impor essas medidas defendidas por parte de sua diretoria e pela Infraero. Mais: Lula poderá comprar uma briga com as companhias aéreas.
Da manhã até a noite, o presidente, ministros e assessores fizeram várias reuniões no Palácio do Planalto, preparatórias para o encontro do Conac. Na reunião da coordenação política, Lula chegou a tratar, em detalhes, sobre o que deveria ser feito em Congonhas. Foi nesse encontro que o presidente mencionou a possibilidade de tirar desse aeroporto os aviões de pequeno porte, como jatinhos particulares e de aluguel, além daqueles de grandes companhias que fazem a ligação com outros Estados. Medida semelhante foi tomada em Belo Horizonte, onde a maioria dos pousos e decolagens foi transferida do Aeroporto da Pampulha no centro da cidade, para Confins, a 42 quilômetros da capital.
?Foi uma reunião objetiva em todos os aspectos e em todos os assuntos tratados. O presidente está empenhado e vai resolver o problema (da crise aérea) em curto prazo. Ele exige uma solução rápida?, disse o vice-presidente da República, José Alencar, resumindo a reunião com Lula e os ministros. ?É claro que está todo mundo consternado. Esse é o clima do governo.?