Sem negociar o reajuste salarial dos professores durante os 89 dias de greve da categoria, o governo de São Paulo ainda não apresentou nenhuma proposta para o dissídio coletivo. Durante toda a paralisação, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sustentou que a data-base da categoria era em 1º de julho e que só iria negociar nessa data. No entanto, 22 dias depois, nenhuma proposta foi apresentada à categoria.

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Questionada sobre a previsão do valor e da data em que a proposta do reajuste seria anunciada, a Secretaria de Estado da Educação não quis comentar. Os cinco sindicatos que representam os professores da rede estadual disseram estar ansiosos com a demora, já que as aulas do segundo semestre começam no dia 3 de agosto.

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), que manteve a maior greve da história da categoria neste ano para reivindicar o reajuste, promete novos protestos se a negociação não for feita. Desde antes do fim da greve, em 12 de junho, o secretário da Educação, Herman Voorwald, já havia afirmado aos dirigentes dos sindicatos que havia encaminhado estudo com uma proposta de reajuste para o governador, mas que a decisão final e o anúncio seriam de Alckmin.

“Estamos em compasso de espera, no aguardo para o governo nos chamar e cumprir aquilo que foi prometido. A nossa data-base é em 1º de março, mas o governo sempre disse que era em julho e nós esperamos”, afirmou José Maria Cancelliero, presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP). Ele, no entanto, acredita que a proposta do governo deve ser de um reajuste bem pequeno. “Se fosse boa, já teriam falado.”

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Rosângela Chede, do Sindicato dos Supervisores de Ensino do Estado de São Paulo (Apase), também disse não ter “grandes expectativas” com a proposta do governo. “Tendo em vista a demora e que estão noticiando tantas medidas de contingenciamento, principalmente na educação, a nossa esperança é de que eles vão oferecer apenas a correção inflacionária.”

Crise

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Em maio, durante audiência de conciliação judiciária com os grevistas, Voorwald disse que descartava qualquer acordo sobre o reajuste antes de 1.º de julho e que era “impossível” apresentar valores antes dessa data. O secretário afirmou que, se a arrecadação de impostos no Estado continuasse a cair, nem ao menos o reajuste inflacionário seria possível. Na ocasião, Voorwald disse ainda que o governo tentava algumas ações para frear a queda de arrecadação.

Em maio, o governo estadual contingenciou R$ 6,6 bilhões, ou 3,2% do orçamento total, “com vistas a garantir o equilíbrio das contas públicas”.

Foi ainda no mês de maio que o governo estadual começou a descontar os dias parados dos professores grevistas. Para a direção da Apeoesp, o corte foi o principal motivo para que os docentes encerrassem a greve sem conseguir ao menos uma proposta de reajuste.

No entanto, no início de julho, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o governo pagasse os dias descontados. O valor ainda não foi pago e Alckmin e Voorwald foram intimados a explicar o motivo. Segundo a secretaria, o valor deve ser pago amanhã.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.