O presidente Michel Temer aprovou nesta terça-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, a adoção de metas de redução das emissões de gás carbônico da matriz de combustíveis do País em 10,1% até o fim de 2028, no âmbito da nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Temer seguiu recomendação feita pela manhã pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

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Uma resolução do CNPE deve ser publicada ainda esta semana e cada setor de combustíveis terá de cumprir metas individuais de redução de emissões a partir de 2019 a serem determinadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Com isso, deve aumentar na matriz a fatia do etanol e do biodiesel.

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O aumento do uso de biocombustíveis capazes de reduzir as emissões de poluentes e a redução dos combustíveis de petróleo na matriz são o ponto central do RenovaBio para a queda nos níveis de poluentes veiculares. Para o cumprimento das metas, as premissas apresentadas apontam crescimento de 20% para 28,6% da participação dos biocombustíveis na matriz de combustíveis, redução de 80% para 71,4% da fatia dos combustíveis fósseis e de 11,5% para 7% a dependência externa pelo País de combustíveis.

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A proposta prevê demanda por gasolina A, sem a mistura de etanol anidro, em 30 bilhões de litros em 2028, ante os atuais 31,1 bilhões de litros. Com menos gasolina, cairá também o consumo previsto de etanol anidro, misturado em até 27% na gasolina A, de 11,5 bilhões para 11,1 bilhões de litros no período. Com isso, a demanda estimada do etanol hidratado, o utilizado diretamente nos tanques, mais que dobrará até 2028, saindo de 15,2 bilhões de litros para 36 bilhões de litros.

O consumo do biodiesel deve sair de 5,7 bilhões para 11,1 bilhões de litros. Para isso, o CNPE propôs a elevação da mistura do biodiesel ao diesel de 10% para 15% no período. Ao contrário dos combustíveis do ciclo Otto (gasolina e etanol), a proposta do MME prevê um aumento da demanda do diesel sem a mistura do biodiesel de 51,2 bilhões para 62,8 bilhões de litros no período.

Mesmo com nova meta prevista de redução de emissões veiculares, o porcentual ainda fica abaixo do proposto pelo País como contribuição nacional ao Acordo de Paris, fechado na Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP21) em 2015. Na ocasião, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões totais do País em 43% até 2030, com base nos valores de 2005. O setor de combustíveis contribuiria com uma queda de 18%.

Temer defendeu nesta terça-feira que a redução da emissão de gases de efeito estufa também deve diminuir o preço dos combustíveis para os consumidores nos próximos anos. A medida prevê, segundo o presidente, redução de 11,5% para 7% da dependência externa de combustíveis.

“O Brasil estará menos exposto à variação internacional do preço do petróleo e às flutuações cambiais. Portanto, quem sabe em um futuro não tão distante, muito próximo, nós consigamos evitar acontecimentos como estes que se verificou na semana passada”, declarou Temer.

Segundo o presidente, quem ganha é o consumidor, que terá “preços mais baixos e maior poder de escolha”. “Ganha toda sociedade, com mais segurança energética e mais opções”, continuou.

Entidades ligadas aos biocombustíveis comemoraram a decisão. Para Erasmo Carlos Battistella, presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel (Aprobio), a meta é uma vitória, uma vez que vai fazer o setor crescer para poder atender a demanda.

Ele defende que o setor poderia contribuir ainda mais até 2028. “A meta considera aumentar a contribuição do biodiesel ao diesel de 10% pra 15%, mas acreditamos que poderíamos saltar para 20%, chegando a uma oferta próxima a 18 bilhões de litros”, diz.

Elizabeth Farina, presidente da União da Agroindústria Canavieira (Única), lembra que a crise recente com a greve dos caminhoneiros, que expôs a enorme dependência que o Brasil tem dos combustíveis fósseis, mostrou como é importante ter alternativas e que o estabelecimento das metas, mesmo que ainda conservadora, segundo ela, reconhece o papel dos combustíveis renováveis para o desenvolvimento sustentável do Brasil. “Os objetivos do Renovabio são descarbonização com eficiência energética e garantindo o abastecimento”, explica.