Depois do recuo do PSDB, o governo deflagrou ontem uma ofensiva para pressionar os governadores e buscar no Senado os votos que faltam para a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 2011. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mandou distribuir entre os senadores uma planilha com os recursos do imposto do cheque repassados indiretamente aos Estados, entre janeiro e setembro. Mais do que um inventário ele detalhou a ameaça que o Planalto faz aos governadores, caso a CPMF não seja mantida.
Pelos cálculos, São Paulo recebeu nesse período R$ 3,77 bilhões dessa fonte, indicando rombo similar em 2008, se não houver o tributo. A planilha mostra que Minas ganhou R$ 1,61 bilhão da CPMF e o Rio Grande Sul, outro R$ 1,05 bilhão. Alagoas recebeu R$ 213 milhões. Os governadores desses quatro Estados são do PSDB, cuja bancada no Senado decidiu votar em bloco contra a manutenção do tributo, após rejeitar proposta do governo.
O dinheiro arrecadado com a CPMF não é repassado diretamente, mas aplicado em despesas e ações do governo federal nos Estados. Nesse jogo de pressão, a planilha com as eventuais perdas foi distribuída para tentar convencer os senadores de que a ameaça é real.
Mantega decidiu atacar também ?no varejo?. A estratégia é reforçar os contatos individuais com os senadores, com o apoio dos governadores do PSDB, e buscar uma coesão forte da base aliada, sobretudo com a bancada do PMDB. O líder peemedebista, Valdir Raupp (RO), e o senador Pedro Simon (PMDB-RS) participaram ontem de reuniões no Ministério da Fazenda. Também esteve presente Aod Cunha de Moraes, secretário de Fazenda do Rio Grande do Sul – Estado governado pela tucana Yeda Crusius, que está pedindo ajuda da União para enfrentar graves problemas financeiros.