Após o governo dos EUA ter anunciado um reforço de sua operação no Haiti para até 10 mil homens e de assumir o controle do aeroporto de Porto Príncipe, o Brasil já estuda o envio de novas tropas ao País. Hoje, o subchefe de Comando e Controle do Estado Maior de Defesa do Brasil, Paulo Zuccaro, admitiu, em entrevista coletiva concedida há pouco no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, que o governo brasileiro está analisando a possibilidade de reforço da Força Brasileira no Haiti após o terremoto que devastou o país nesta semana. Atualmente, as forças de paz que atuam no país contam com sete mil soldados brasileiros.
Ontem, o Presidente dos EUA, Barack Obama, autorizou o reforço da operação norte-americana no Haiti para até 10 mil soldados. A decisão causou mal-estar com o governo brasileiro ao sugerir que os EUA poderão controlar de fato as ações de resgate e segurança no Haiti, apesar de o controle de direito ser das forças da ONU chefiadas pelo Brasil.
Acompanhado do subsecretário-geral de América do Sul do Itamaraty, embaixador Antonio Simões, e do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Jorge Félix, Zuccaro afirmou ainda que, tão logo seja possível, o Ministério da Defesa também irá fazer a troca de contingente dos militares que estão na missão de paz no Haiti. Ele não informou, no entanto, quando isso ocorrerá, explicando que o terremoto ocorreu em meio ao período de troca do 11º para o 12º contingente.
Os representantes do governo brasileiro tentaram amenizar o mal-estar criado após os EUA terem assumido o controle do aeroporto na capital haitiana e decidido enviar 10 mil militares ao país após o terremoto. O general Felix destacou que é preciso diferenciar o trabalho do Batalhão Militar do Brasil, que tem uma missão de paz no Haiti com suas atribuições e funções definidas pela ONU, do trabalho de auxílio humanitário que está sendo feito pelo governo brasileiro no país. “Temos uma missão de paz, e o Batalhão tem um mandato da Organização das Nações Unidas, com atribuições perfeitamente definidas. O Batalhão não pode se afastar das suas funções. Uma coisa é esse trabalho, e outra é o auxílio humanitário”, disse Felix.
Ele confirmou as dificuldades de desembarque no aeroporto de Porto Príncipe, mas informou que já foi estabelecida uma espécie de ponte aérea com o Haiti. Hoje, segundo o general, duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) com água, alimentos, medicamentos e um hospital de campanha seguiram para o Haiti com desembarque autorizado. Além disso, um memorando de entendimento foi assinado ontem (15) com o governo haitiano e com a Minustah, que é a Missão para Estabilização da ONU no Haiti, para organizar a segurança das operações no aeroporto de Porto Príncipe, o que deverá facilitar essa ponte aérea.