A eventual concordância do governo de Mônaco em extraditar o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, preso desde 15 de setembro, não encerrará a ação do Ministério da Justiça em torno da falência dos bancos Marka e FonteCindam, em janeiro de 1999. À espera da decisão dos juízes do principado, que pode sair a qualquer momento, o secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, alertou que o governo brasileiro investiga a existência de contas secretas supostamente mantidas pelo ex-banqueiro no exterior.
A investigação cabe ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão subordinado à Secretaria Nacional de Justiça. "O objetivo é localizar bens e recursos, bloqueá-los e repatriá-los", disse Romeu Tuma Júnior. "Estamos trabalhando", concluiu, sem fornecer detalhes sobre o número de contas ou os países envolvidos.
Quando preso em Mônaco, durante uma suposta viagem de turismo, Cacciola vivia em liberdade na Itália, país do qual tem cidadania. Em Roma, ele é proprietário de um hotel de quatro estrelas, o Fortyseven, situado no centro histórico da cidade. "Não existe ninguém com mais conhecimento técnico para enviar dinheiro ao exterior do que um presidente de banco", disse Tuma Júnior, ressaltando que falava em tese, e não necessariamente sobre o caso Cacciola. "Ninguém precisa carregar mala para sair do país, seja com dinheiro lícito ou ilícito. Ainda mais quem está dentro do sistema.