Governo assegura maioria na Câmara

  Ricardo Stuckert / PR
Ricardo Stuckert / PR

Lula espera uma bancada bem
mais afinada para 2006.

Brasília – O governo federal assegurou a maioria numérica da Câmara dos Deputados neste fim de prazo para a troca de partidos por quem quiser concorrer nas eleições de 2006. Até a tarde de ontem, último dia para informar à Justiça Eleitoral da mudança, a soma das bancadas governistas atingiu 352 deputados, considerando as seguintes legendas: PT, PSB, PC do B, PSC, PP, PTB, PL e PMDB.

O apoio das siglas à administração federal não significa votos incondicionais com o Poder Executivo, uma vez que há dissidências nas bancadas. Em fevereiro de 2003, quando os atuais deputados tomaram posse, a soma numérica das agremiações que apoiavam o Executivo chegou a 370. Os partidos de oposição (PFL, PSDB, PDT, PPS, PV e Prona) registraram até agora uma bancada de 152 deputados.

Também são assinaladas dissidências na oposição durante votações na Câmara. E um exemplo do estrago que estas dissidências podem provocar foi observado no começo do ano quando o partido do governo, o PT, concorreu com dois candidatos à presidência da Câmara Federal e os dois perderam. Mas, desta vez, parece que o governo aprendeu a lição.

Assim, a composição da Câmara aponta o PMDB como a maior bancada na Casa. Era esperado fechar o dia de ontem 89 deputados. A bancada cresceu na ala governista e perdeu deputados na de oposição. O PT foi privado, principalmente, nos últimos dias, com a saída dos deputados Chico Alencar (RJ), Orlando Fantazzini (SP), Ivan Valente (SP), Maria José da Conceição Maninha (DF) e João Alfredo (CE). Eles foram para o PSol. O PT também perdeu os deputados Miro Teixeira (RJ) e André Costa (RJ) para o PDT, legenda que cresceu e que recebeu parlamentares do PL, PSB e PP, chegando a 19.

A entrada desses deputados no PDT dará a essa sigla a mesma condição das outras, de divisão entre situação e oposição. O PSB, aliado do Palácio do Planalto, cresceu de 16 para 26 deputados até agora, recebendo deputados, sobretudo, do PL. O PTB, sigla do ex-deptuado Roberto Jefferson (RJ), ficou sem quadros, fundamentalmente, para o PFL, que também cresceu com a entrada de deputados do PL e do PP.

Curiosidade

O troca-troca de partidos cria situações curiosas. Os deputados José Tatico (DF) e Ênio Tatico (GO), pai e filho, inovaram no troca-troca partidário. Não mudaram só de partido, mas também de domicílio eleitoral. Os Tatico deixaram o PL e foram para o PTB. José Tatico transferiu o domicílio do Distrito Federal para Goiás; Ênio Tatico largou Goiás e mudou o domicílio para Minas Gerais.

Na eleição de 2002, Ênio Tatico tinha ficado na primeira suplência da coligação liderada pelo PSDB em Goiás. Como o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, o deputado mais votado, renunciou ao mandato para assumir a presidência da instituição financeira, Ênio Tatico recebeu a cadeira de titular. José Tatico, que era deputado distrital, elegeu-se federal.

A família é dona da rede de supermercados Tatico, com estabelecimentos em Ceilândia, cidade-satélite do Distrito Federal, e em Águas Lindas, Anápolis e Goiânia (GO). Durante a CPI do Roubo de Cargas, o nome dos donos dos supermercados foi citado por testemunhas, mas as denúncias não foram comprovadas.

Câmara Federal registra 248 trocas de partido

Brasília– Da posse dos deputados, em fevereiro de 2003, até hoje, a Câmara havia registrado 248 trocas de partido. Durante todo o dia, parlamentares apressaram-se em comunicar às legendas os novos endereços ideológicos. Um frenesi migratório vale como uma polaróide do caótico sistema partidário brasileiro. O placar do vai-vém será ainda mais dilatado. Como não estavam computadas ainda os cinco deputados do Psol da líder no Senado Heloisa Helena (AL) nem os dois do PMR da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) e do vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, nem mudanças recentes entre os integrantes das siglas mais tradicionais, em dois anos e sete meses, foram registradas mais de 260 trocas de agremiação. O número de trocas relata apenas as idas e vindas dos parlamentares. Não corresponde ao de deputados porque alguns mudaram muito, como Zequinha Marinho (PSC-PA), que sozinho fez seis trocas.

Essa realidade, no entanto, não mexeu com o equilíbrio de forças entre governistas e oposicionistas. O troca-troca partidário encerrado hoje à meia-noite manteve quase igual o equilíbrio entre as duas forças. Hoje, os partidos do governo – PT, PSB, PMDB, PP, PTB, PL e PSC – têm 352 deputados, contra 370 na posse. Isso ocorre porque as migrações são feitas de uma legenda para outra, e não de posição na disputa política. PDT, PPS e PV eram da base da administração federal quando ocorreu a posse. Mudaram para a oposição, que hoje tem 161 deputados, contados aí os do PFL e do PSDB.

Os números favoráveis ao Poder Executivo, porém, não representam nenhum alívio para o Palácio do Planalto porque pelo menos duas grandes siglas – PMDB e PP – sempre votam rachadas. Mas o Executivo ganhou alguns votos no PDT.

 

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