O governo brasileiro apresentou nesta segunda-feira (17) ao Vaticano informações e estudos sobre o projeto de transposição do Rio São Francisco para provar que não existe motivo para que a Igreja seja contrária ao projeto de infra-estrutura no Brasil nem para que d. Luiz Flávio Cappio continue sua greve de fome. O Vaticano já enviou carta ao religioso pedindo que pare com a "atitude extrema" e que volte a sua diocese. Mas tanto o governo como o Vaticano vão continuar acompanhando a situação enquanto d. Luis continue com sua greve.D. Cappio iniciou o jejum para protestar contra o projeto do governo de transposição das águas do Rio São Francisco. A pedido pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a embaixadora do Brasil no Vaticano, Vera Machado, se reuniu com o cardeal italiano Giovanni Battista Re, espécie de ministro do Vaticano para a América Latina e responsável por responder ao Papa Bento XVI pelos bispos.

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Em Roma, o Itamaraty traduziu para o italiano os estudos sobre o impacto ambiental da transposição do São Francisco, apresentou dados sobre os gastos com as obras e o que seria feito em termos sociais na região. O governo fez questão de apontar os benefícios que o projeto traria para o combate à pobreza e o bem-estar da população. O cardeal Re recebeu a documentação e fontes no Vaticano confirmaram que a Santa Sé julgou importante a iniciativa do governo de esclarecer o que pretende fazer na região.

Mas a cúpula do clero admitiu que está mais interessada em barrar a falta de obediência do religioso que em se envolver no debate sobre o Rio São Francisco. Vera Machado foi obrigada a interromper suas férias e retornar imediatamente a Roma para lidar com o caso. Um de seus recados foi de que o governo não irá interromper as obras. No Vaticano, a crise chegou a seu ponto máximo com o envolvimento da alta cúpula.

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