Brasília – O governo começou ontem uma operação de guerra para aprovar a medida provisória (MP) que fixa em R$ 260 o salário mínimo no Senado. Aprovado anteontem por uma margem folgada de votos na Câmara, o mínimo fixado pelo governo enfrenta sérias resistências dos senadores.
Cálculos preliminares estimam que hoje, pelo menos 43 do total de 81 senadores estariam dispostos a votar contra os R$ 260. O Palácio do Planalto tem de reverter esse placar até a votação da MP, que deverá ocorrer por volta do dia 15, para não ver derrotado o mínimo estabelecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em café da manhã ontem com o chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aldo Rebelo, os líderes do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), e do PFL, senador José Agripino Maia (RN), foram categóricos ao afirmar que o mínimo de R$ 260 será derrubado no Senado.
Tucanos e pefelistas têm juntos 29 votos contra o mínimo fixado pelo governo. O PDT também fechou questão contra os R$ 260 e os cinco senadores do partido votarão contra o governo. “Estou certo de que R$ 260 é um número que não passa. No Senado, a meu ver, será aprovado um mínimo de R$ 275, com votos de muita gente do governo”, disse o líder tucano. Na avaliação de Virgílio, o governo será derrotado, uma vez que a oposição contará com os votos de dissidentes dos partidos da base aliada para aprovar um mínimo superior aos R$ 260. O Planalto detectou que é quase certo que senadores do PMDB e do PT votarão contra o mínimo proposto por Lula.
Virgílio observou ainda que, se for aprovado o mínimo de R$ 275 no Senado, valor proposto pelos partidos de oposição, Lula tem o direito de vetar a proposta. “Se o presidente achar que não tem como chegar aos R$ 275, apesar dos argumentos e das fontes de recursos que vamos mostrar, ele poderá vetar. É um direito que ele tem de assumir o desgaste de vetar”, afirmou o tucano. “É melhor que o presidente Lula vete, e o veto é um ato de coragem” acrescentou.
Para o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), o mínimo de R$ 260 não passará no Senado. A Executiva do PFL fechou questão contra o mínimo proposto pelo governo. No Senado, pretende repetir a emenda que apresentou na Câmara, fixando em R$ 275 o valor do mínimo.
Apesar das dissidências no PMDB da Câmara (32 deputados votaram contra o governo e 39 a favor dos R$ 260), o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), confia na aprovação do mínimo. “O mínimo passa com naturalidade no Senado”, disse.