Governadores cobram revisão de contratos

Brasília (AE) – Passadas as eleições municipais, os governadores começam a pressionar o governo federal para rever os contratos de refinanciamento das dívidas dos Estados com a União. Foi o que fizeram ontem nove governadores nordestinos que estiveram no Palácio do Planalto para assinar convênios de liberação de recursos ao ensino médio. Eles reclamam que a proporção das receitas estaduais consumida com a prestação mensal da dívida, que começou em 13%, passa, em alguns casos, de 22%.

O primeiro a se queixar foi o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB), que receberá o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Maceió na segunda-feira (15). “Ano passado, foi o primeiro ano do governo e era preciso dar tempo ao presidente para acertar as suas contas, mas agora chegou a hora”, afirmou Lessa, que pretende abordar o assunto no encontro da capital alagoana.

“O problema com a dívida é que, quanto mais eu pago, mais eu devo”, reclama. “Se puder, vou ter uma conversa ao pé do ouvido com ele”. O governador de Alagoas teve dificuldades, em outubro, para pagar a parcela mensal da dívida, cujo total chega a R$ 3 bilhões. Segundo Lessa, as prestações sempre foram de 15% da receita corrente mensal do Estado, mas, em outubro, o valor pulou para 22%. “Só paguei os 15%”, disse ele, que sempre defendeu a mudança do índice que corrige o valor da dívida, o Índice Geral de Preços (IGP)-Disponibilidade Interna (DI), que é fortemente influenciado pela variação do dólar.

O governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima (PSDB), afirmou achar que é preciso quebrar a resistência contra a discussão do assunto. “No ano passado, tivemos extrema compreensão, portanto, não há dogma do tema proibido; temos de sentar e discutir”, reivindica. “O governo tem conseguido cumprir seus compromissos com o superávit das contas públicas sem muito esforço dos Estados e municípios, e pode muito bem rever a situação”, afirmou.

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