Já existe um consenso no comando do PT: o governador de Roraima, Flamarion Portela, não deve retornar ao partido no dia 12 de março, quando encerra o prazo de 90 dias do seu afastamento.

Integrantes da executiva do partido consideram que já há indícios suficientes sobre o envolvimento direto de Flamarion no escândalo dos gafanhotos, em que funcionários fantasmas entravam na folha de pagamento do governo estadual, um esquema que foi desbaratado por uma investigação da Polícia Federal.

A cúpula do PT já foi devidamente informada sobre as provas contra Flamarion. Oficialmente, a ordem é aguardar os resultados das investigações, não só do Ministério Público Federal, mas também da Controladoria Geral da República.
Mas, dentro do partido, o governador de Roraima já é tratado como ex-petista.

O presidente do PT, José Genoino, não confirma a saída de Flamarion, mas é cauteloso ao falar sobre a permanência do governador de Roraima no partido: “O PT vai examinar tudo e não passará a mão em cima de nada. Nós levaremos em conta o que a investigação vai produzir. E isso deve acontecer antes dos 90 dias que Flamarion pediu para ficar afastado do partido”, diz.

O constrangimento com a presença de Flamarion no PT é tamanho, que já chegou ao Palácio do Planalto. Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em análises reservadas, concluiu que o governador de Roraima não pode mais ficar no partido.

Segundo assessores do Palácio do Planalto, a desconfiança é de que ele teria entrado na legenda numa estratégia para tentar ganhar um escudo contra as investigações.

A palavra do chefe da Controladoria Geral de República, Waldir Pires, influenciou na decisão do PT de não contar mais com Flamarion. Ele alertou o presidente do partido, José Genoino, que o resultado parcial das investigações não eram favoráveis ao governador de Roraima.

A mesma avaliação foi feita por Dalva Figueiredo (AP), integrante da executiva petista responsável por acompanhar o caso e fazer o relatório final que decidirá a vida de Flamarion no partido. A decisão, no entanto, será colegiada.

O que mais incomoda o PT é o fato já comprovado de que a folha por meio da qual eram pagos os salários dos gafanhotos dobrou em 2002. Isso aconteceu especialmente na campanha eleitoral, quando Flamarion, que assumira o governo em abril, disputava a reeleição.

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