Os carros perderam na gestão Fernando Haddad (PT) até 716 quilômetros de faixas de rolagem, onde já se arrastavam a uma velocidade média de 22,8 km/h, ao menos no horário de pico da manhã. O espaço foi entregue aos ônibus, que circulam mais lentamente ainda em toda a cidade, a 16 km/h no mesmo horário, e também às ciclovias, instaladas de forma a implementar uma rede de 400 km até o fim do ano. As faixas exclusivas de ônibus, segregadas à direita, abocanharam 476 km das vias, enquanto as estruturas vermelhas para as bicicletas ficaram com cerca de 240 km.

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As medidas foram intensificadas após as manifestações de junho de 2013, quando as ruas foram tomadas por passeatas e por atos de vandalismo contra o aumento da tarifa dos coletivos de R$ 3 para R$ 3,20. Com isso, a meta de implementar 150 km de faixas de ônibus no mandato já foi superada.

A medida divide técnicos. O consultor e arquiteto Flamínio Fishmann, ex-diretor da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), critica a estratégia. “Sou favorável às faixas, mas há um arsenal de alternativas. Quando se cria uma meta, se instala faixas em locais onde elas não seriam a solução mais adequada.”

Em relação às ciclovias, as dúvidas começam com a forma como elas são implementadas e chegam à discussão sobre a efetividade do projeto. Para Fishmann, elas podem melhorar o trânsito um pouco. Ele cita a última Pesquisa Origem Destino do Metrô (raio X das viagens diárias feitas na cidade, de 2012), que mostra que as bicicletas representam 0,6% das viagens. “Se você dobrar a quantidade com elas, ainda será muito pouco. O que é preciso é mais investimento em transporte público.”

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Moradores e comerciantes também criticam. “Há alguns anos, tinham colocado Zona Azul aqui, o que já nos prejudicou, porque espantou a clientela. Depois, veio essa ciclovia. Você pode ficar aqui três dias, vai ver quatro bicicletas passando”, diz o comerciante João Bosco, de 55 anos, dono de um armarinho na Rua Pavão, em Moema, zona sul da cidade.

Responsável pela instalação das ciclovias, o atual diretor de Planejamento da CET, Ronaldo Tonobohn, defende as escolhas que foram feitas dizendo que “a linearidade ou o tipo de conexão e atendimento que a ciclovia oferece ganha uma escala maior dentro da matriz de decisão do que a aclividade da via”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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