Alegando um rombo de R$ 18 milhões herdado da administração passada, a gestão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu cortar parte dos salários dos artistas do Teatro Municipal por dois meses para conseguir fechar as contas de 2017 sem precisar fazer demissões.

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Segundo o secretário municipal de Cultura, André Sturm, a redução será de 25% sobre os salários pagos nos meses de outubro e novembro deste ano e afetará os cerca de 280 artistas que compõem o Balé da Cidade, o Coral Lírico, o Coral Paulistano e a Orquestra Sinfônica.

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“Nós herdamos essa situação, entre dívidas não pagas de 2016 e despesas já comprometidas há um rombo de R$ 18 milhões. Já cortamos toda programação internacional para reduzir as despesas e próximo passo seria demitir. Essa foi a solução encontrada e negociada com os artistas, que entenderam a situação”, afirmou Sturm.

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De acordo com o secretário, chegou-se a cogitar, em dezembro do ano passado, no fim da gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a demissão de 30% dos artistas contratados pelo Teatro Municipal. Na negociação com músicos e bailarinos, a atual gestão chegou a propor corte de 30% em dois meses de salário, mas fechou acordo na redução de 25%.

“Infelizmente o País todo vive um momento ruim, de dificuldade financeira, e São Paulo não é exceção. Existe a perspectiva de devolver esses salários no ano que vem”, disse Sturm, que espera uma economia de cerca de R$ 3 milhões com os cortes na classe artística. Funcionários dos setores de administração e manutenção foram poupados dos descontos.

Em nota, a assessoria do ex-prefeito Fernando Haddad rebateu a afirmação de que deixou um rombo para a atual gestão no Teatro Municipal. “Atribuir responsabilidades à gestão anterior, sete meses depois da posse, é um clássico recorrente de quem se propunha apenas ser um gestor e acabou sendo um político do lado errado da história”, afirmou Haddad.

O petista afirmou ainda que a sua gestão “foi vítima de um portentoso desfalque perpetrado por dois criminosos confessos”, referindo-se ao esquema de corrupção no Municipal.

Reação

Se a reação à redução no salário não pode ser classificada exatamente como positiva, representantes dos corpos artísticos relativizaram a situação, ressaltando a extensão na estabilidade dos funcionários, a possibilidade de que a programação não seja afetada e a promessa de ressarcimento em 2018.

Integrante do coral lírico, Cláudio Guimarães, de 54 anos, disse que a categoria mantém “bom relacionamento” com a Secretaria de Cultura. “O acordo foi feito para evitar a necessidade de corte de pessoal e alguns termos partiram de nós. Achamos por bem para manter as atividades, com a condição de que haja o ressarcimento.”

Cleber Papa, atual diretor artístico do Municipal e ligado ao Instituto Casa da Ópera, que deverá assumir a gestão, não comentou o acordo.