O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que os ataques a delegacias feitos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) no ano passado tiveram viés político com o objetivo de prejudicar sua candidatura à presidência da República. "As ações tinham objetivo claríssimo de ter interferência no processo eleitoral, tanto que acabaram depois das eleições", sustentou, em diversas entrevistas que deu em Porto Alegre. Alckmin participou do Seminário sobre Segurança Pública e Combate à Violência, organizado pelo Instituto Teotônio Villela como encontro preparatório ao 3º Congresso Nacional do partido, marcado para 20 e 21 de setembro, em Brasília.
Para Alckmin, os ataques do PCC demonstram a migração do crime organizado para a política no Brasil, ao contrário da Colômbia, onde as Farc migraram da política para o crime". O ex-governador acredita que o grupo criminoso não queria a expansão de ações públicas como construção de penitenciárias de segurança máxima, regime penitenciário diferenciado e isolamento de seus líderes.
Numa de suas primeiras aparições depois de voltar às atividades públicas, das quais havia se afastado após perder a presidência para Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin elogiou as ações da Polícia Federal, mas, irônico, sugeriu que o governo dê menos trabalho à instituição. "Se você for verificar em todos os escândalos de corrupção o cofre é um só, do Executivo federal, que não tem controle", comentou. "A Polícia Federal deveria estar mais liberada para proteger a população combatendo o tráfico de drogas e de armas e a lavagem de dinheiro".
As críticas não se limitaram à segurança pública. Alckmin também observou que o governo federal já deixou passar meio ano sem fazer as reformas tributária, política e complementar da Previdência. "Se não fizermos em 2007 vamos perder mais quatro anos", advertiu. Ao falar sobre seu futuro político, o ex-governador foi evasivo. Chegou a dizer que é cedo para decidir se será candidato em 2008 ou 2010. Depois, em outra entrevista, proclamou que é candidato apenas a ajudar a oposição percorrendo todo o País. "Quando o governo tem oposição firme ele não se acomoda, ele se corrige, ele melhora", afirmou. "É tão patriótico ser governo quanto ser oposição".