Genu fala mas não esclarece nada

Brasília – O ex-assessor do PP João Cláudio Genu respondeu ontem a perguntas de parlamentares por quase cinco horas na CPI do Mensalão, num depoimento considerado pouco esclarecedor pelo relator da comissão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). O deputado João Correia (PMDB-AC) classificou o depoimento, que ele considerava promissor, de uma "pantomima armada para esconder" o pagamento de mesadas a parlamentares da base do governo.

O ex-assessor do PP negou que tenha recebido no Banco Rural os mais de R$ 4 milhões que o empresário Marcos Valério diz ter repassado ao líder do PP na Câmara, José Janene (PR), mas admitiu que poderia haver mais dinheiro do que os R$ 700 mil declarados nos recibos assinados no banco. Genu disse que esteve umas três vezes no Banco Rural para "pegar encomendas" e que não abria os pacotes lacrados. "Podia ter mais dinheiro lá porque eu não abri os pacotes", admitiu.

Correia disse ter indícios que comprovariam outros saques nas contas de Marcos Valério. Correia citou o depoimento de Simone Vasconcelos e o relatório de freqüência do prédio onde funciona a agência do Banco Rural em Brasília, como indícios de que haveria mais saques. Genu reiterou que só reconhece os saques de R$ 700 mil, cujos recibos foram assinados por ele. "É uma versão impossível de se acreditar", disse Correia.

Antes do depoimento, a CPI aprovou a convocação do procurador do Citigroup Sérgio Spinelli Silva e a solicitação de informações financeiras dos fundos de pensão Petros (Petrobras), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Previ (Banco do Brasil). Nesta quarta-feira, às 9h, um grupo de parlamentares da CPI vai se reunir com a equipe técnica para analisar os documentos recebidos até agora.

Calado

O presidente do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, entrou ontem com um habeascorpus no Supremo Tribunal Federal pedindo a concessão do direito de ficar calado durante depoimento às CPIs dos Correios e do Mensalão sem correr o risco de ser preso. O economista foi convocado para depor nesta quarta-feira. No pedido, os advogados de Daniel Dantas afirmam que o Supremo tem respeitado, em suas decisões, os direitos constitucionais do investigado ou mesmo de testemunha e, assim, pede também que o empresário não seja obrigado a responder perguntas que possam "causar embaraços à sua defesa", assegurando-lhe a ampla defesa. 

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