O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse no início da tarde desta quarta-feira (16) que vai pedir uma audiência com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, para solicitar maior rapidez no processo que julga a homologação da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

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Por determinação do STF, a Polícia Federal (PF) suspendeu, no local, a Operação Upatakon 3, deflagrada no início do mês para retirar os ocupantes não-índios do local. O compromisso de intermediar a conversa dos índios com o Judiciário foi feito em audiência pública com representantes indígenas da região.

"Vamos conseguir uma audiência para vocês. O ministro Ayres Britto, independente do juízo que vocês façam da resolução dele, é uma pessoa muito humana e muito sensível a essas questões", disse Tarso aos representantes. O ministro Ayres Brito foi o relator da ação que suspendeu, em caráter liminar, a operação de retirada de não-índios da área em Roraima.

Para Tarso, as autoridades ainda não estão convencidas, em sua totalidade, de que aquela área pertence aos índios.

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"O Supremo sempre tem uma sensibilidade de julgar muitas das questões importantes como esta, com a sensação que vêm da sociedade. Então acho que essa decisão está formada por um processo de informação ainda não muito completo, como se os índios fossem os autores e os fazendeiros, as vítimas. Na verdade é o contrário", defendeu.

Tarso Genro esclareceu aos indígenas que o ministério a quem a Polícia Federal é ligada tem o dever de acatar a decisão do Supremo. Entretanto, o ministro acredita que o julgamento não deve demorar. Tivemos a promessa pública do Supremo de que eles vão julgar este episódio em 45 a 60 dias, pontuou.

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Durante a conversa com o ministro, os indígenas apresentaram a situação de insegurança da reserva, disseram que em muitos locais os produtores os impedem de caçar e pescar e pediram que a Polícia Federal continue no local, especialmente para proteger a comunidade de Barra.

"Queremos a permanência da Polícia Federal, a devolução da balsa do DNIT [Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes] que está em poder dos arrozeiros e também a reconstrução da ponte que foi destruída por eles", reivindica a advogada do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Joenia Napichana.