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Foto: Fábio Mota/Agência Estado

Servidores estaduais protestam em frente a sede do PMDB, no centro do Rio, onde Garotinho, completa o 4.º dia de greve de fome.

O Palácio do Planalto fez ontem seu mais forte movimento na tentativa de fechar uma aliança eleitoral com o PMDB em favor da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nome do governo, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, encontrou-se com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e ofereceu ao partido a vaga de vice na chapa de Lula. Propôs ainda que, em caso de reeleição, o PMDB participe de uma "coalizão de governo" ao lado do PT e passe a comandar uma "parcela integral" da máquina pública federal.

A proposta foi apresentada durante café da manhã no apartamento de Temer. Rompido com o Planalto desde o ano passado quando o governo deu um segundo ministério ao PMDB sem ter fechado um acordo prévio com a cúpula do partido, Temer parece ter gostado do encontro: "A conversa foi institucional, respeitosa e competente", afirmou. Mesmo assim, o deputado disse que ainda não pode ser descartada a hipótese de o partido enfrentar Lula na eleição presidencial: "A candidatura própria cresceu muito e tem o meu apoio", disse.

Temer foi procurado inicialmente pelo deputado Delfim Netto (PMDB-SP), que vem atuando como uma espécie de conselheiro informal do presidente Lula. Na segunda-feira, Delfim telefonou a Temer para saber de sua disposição de receber Tarso. A convite do anfitrião, o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ) também compareceu ao café.

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"O ministro Tarso tem uma linguagem apropriada e a conversa foi boa. Mas nada se esgota ou se resolve em uma primeira conversa", resumiu Moreira. Durante a conversa, Temer frisou que também está conversando com o PFL e o PSDB. Tarso respondeu: "Estamos sabendo disso. Apenas queremos estabelecer esta ponte de forma muito sólida."

Os peemedebistas, por sua vez, abriram a possibilidade de a negociação com o PT prosseguir, quando avaliaram que o pior cenário é o PMDB ficar solto, sem nenhum candidato. Tanto Temer quanto Moreira afirmaram que não interessa repetir a "péssima experiência" de 1998, quando o partido não lançou candidato nem se aliou oficialmente com o PSDB para reeleger Fernando Henrique Cardoso. Com isso, os peemedebistas ficaram sem discurso e o partido teve seu tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão distribuído igualitariamente entre todos os candidatos.

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Tarso aproveitou, então, para lembrar as declarações de Lula em favor da aliança, enfatizando que quer e precisa do PMDB, Se o acordo não for fechado antes de outubro, a disposição é para um acerto no segundo turno. "O presidente sabe que, sem o PMDB, fica difícil governar", insistiu o ministro, ao admitir o erro político cometido pelo Planalto quando decidiu não fechar uma aliança com o partido no início da administração Lula.

Debilitado

Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, pré-candidato do PMDB à presidente, começou ontem a sentir os primeiros sinais de debilitação decorrentes da greve de fome que iniciou no domingo. Ele passou mais um dia na sede regional do PMDB, no Centro do Rio, onde se tornou alvo de manifestações contra e a favor e virou até atração turística. No final do dia, leu mais uma vez uma carta em que reitera a reivindicação de espaço na mídia para se defender de denúncias que envolvem doações para sua pré-campanha e demonstrou sentir o abandono do principais líderes do PMDB. "Sei que agora, dentro do meu partido, conspiram contra minha candidatura a mando de Lula e dos banqueiros", afirmou.

Entre as manifestações de apoio, estava a dos prefeitos do Estado do Rio e militantes do PMDB, que realizaram uma passeata da sede do partido ao prédio do jornal O Globo, no centro do Rio, em apoio a Garotinho, que completou o 4.º dia de greve de fome em respostas as denúncias publicadas pela mídia de irregularidas na arrecadação de recursos para sua campanha. Mas também teve manifestações contrárias, como a dos servidores estaduais que protestaram na frente da sede do PMDB, em resposta as denúncias de irregularidades na arrecadação de recursos para sua campanha.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou ontem, que o PMDB entrará com embargo declaratório contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de considerar válida a convenção do partido de dezembro 2004, que decidiu pela candidatura própria e que tal decisão só poderia ser derrubada com nova convenção com apoio de dois terços dos convencionais.