Brasília – Desde que assumiu o Ministério da Educação, o gaúcho Tarso Genro vem enfrentando resistências dentro do meio acadêmico pela falta de ligação com a área. Substituto de Cristovam Buarque, demitido por telefone pelo presidente Lula em janeiro do ano passado, Genro vem colocando em prática o que ele considera um "refinanciamento" da universidade pública.
Diferentemente do antecessor, o atual ministro evita reclamar de verbas publicamente, é um dos principais fiéis escudeiro da política de Lula e não tem seu nome cogitado para deixar o governo numa possível reforma ministerial. Em entrevista concedida ao portal IG, Genro defendeu a reforma universitária proposta pelo governo e atacou os críticos. "É uma crítica insubsistente", diz.
Na entrevista, o ministro alfinetou Cristovam Buarque. "Ele já está passando dos limites". Tarso Genro comentou as críticas que Buarque faz ao Fundef: "Eu fui prefeito e sei como é isso. Várias vezes fui chamado no Tribunal de Contas para explicar determinadas coisas. O principal problema do Fundef é que os recursos ainda são poucos. As prefeituras têm que ser as gestoras desses recursos. É impossível, como quer o ex-ministro Cristovam Buarque, federalizar a educação básica no Brasil. Isso não é sensato, não é possível, não é federativo, não é moderno. É acabar com a vida cívica republicana, que deve se desenvolver através do município, em que a educação básica é um dos elementos centrais", disse o ministro.
Sobre as críticas que o ex-ministro da Educação e atual senador pelo PT de Brasília vem fazendo a seu sucessor, também do PT e ex-prefeito de Porto Alegre, Genro disse que "estranhei profundamente as críticas dele". Revelando sua mágoa com o companheiro, Genro relatou que Buarque "logo que saiu do ministério, começou a remeter algumas agulhas, e eu respondia dizendo sempre que não iria responder, que era natural. Mas chegou a um determinado ponto que eu tive que passar a responder, sob pena de ser omisso. Eu, agora, de uns 15 dias para cá, resolvi responder porque ele já está passando dos limites".
Para o ministro da Educação, os ataques de Buarque escondem um projeto político ambicioso: "Na verdade, o Cristovam está tentando se cacifar para ser candidato a presidente da República, provavelmente pelo PPS, e está utilizando sua relação com o MEC para se promover. Ele vem com propostas absurdas, demonstrando que não tem conhecimento de como funciona a estrutura federativa. O Cristovam está passando por um mau momento".