O presidente nacional do PT, José Genoino, não conseguiu convencer o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) a desistir de lançar uma candidatura avulsa à presidência da Câmara dos Deputados.
Brasília – Ao sair da reunião, realizada ontem, Genoino desconversou ao ser perguntado sobre a candidatura de Virgílio e disse que não trataram sobre o assunto. O presidente do PT ressaltou que é a favor da defesa do processo que escolheu o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) para suceder João Paulo Cunha (PT-SP). "A candidatura está posta e o Greenhalgh é o escolhido da bancada à presidência da Câmara", afirmou.
O deputado Virgílio Guimarães continuou defendendo a candidatura avulsa, mas disse que em nenhum momento se lançou candidato. "Defendo o instituto, acho que é republicano", destacou.
O deputado mineiro admitiu que conversou com Genoino sobre a candidatura avulsa e disse que vai pensar um pouco mais, inclusive, sobre os aspectos novos colocados pelo presidente do PT. Virgílio ressaltou ainda que as apreensões em relação a candidatura de Greenhalgh também foram discutidas durante a reunião. No entanto, o deputado não quis revelar que apreensões teriam sido pontuadas.
Apesar de Genoino ressaltar que a unidade do partido não está abalada, existe uma lista sendo passada pela Casa para recolher assinaturas de apoio a uma possível candidatura de Virgílio. Além disso, alguns parlamentares estariam dispostos a encomendar uma pesquisa para avaliar a opinião dos deputados sobre a questão.
Indagado por jornalistas na última segunda-feira se iria lançar-se como candidato avulso, Virgílio respondeu: "Por enquanto não", afirmou. Mas ele já fazia campanha. Com o apoio de deputados como Carlos Nader (PL-RJ) e João Caldas (PL-AL), Virgílio anunciou aos suplentes que tinha conseguido a liberação de R$ 5 milhões para a estrada Niemeyer, no Rio. "Se o Virgílio colocar o nome dele, é imbatível. O problema do PT é que, com a economia indo bem, eles não ouvem o sentimento da Casa", afirmou Caldas.
O tucano Walter Barelli (SP), que também assumiu como suplente uma vaga na Câmara, aproveitou para criticar o PT paulistano, que derrotou o candidato do prefeito José Serra (PSDB) à presidência da Câmara dos Vereadores, e afirmou que irá seguir a orientação do partido. A princípio, o PSDB apoiaria a candidatura de Greenhalgh, mas com o episódio de São Paulo, o partido resolveu reabrir o debate interno.
Caberá ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), decidir se regimentalmente cabem candidaturas avulsas, de qualquer partido, à presidência da Casa. Além de uma possível candidatura de Virgílio, o líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), já lançou seu nome. Aleluia avisou que não está disposto a aceitar o cargo de vice-presidente na chapa do PT, como propôs Genoino. "Eu não sou candidato à vice-presidência. Minha candidatura é à presidência da Câmara", garantiu.
Líder tucano desmente retaliações
São Paulo – O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Custódio Mattos (MG), disse ontem que seu partido não deverá retaliar o PT na eleição da presidência da Casa por causa do episódio ocorrido na Câmara Municipal de São Paulo. "A situação deixou de ser de bancada e passou a ser partidária, nosso partido vai analisar tudo com muita prudência. E acredito que não iremos reagir a uma atitude infantil (falta de apoio do PT municipal ao candidato de José Serra à presidência da Câmara) de maneira impensada, continuaremos fazendo uma oposição responsável", destacou.
Segundo ele, no mês de dezembro foi fechado um acordo com os petistas para permitir a eleição do candidato oficial do PT à presidência da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP). Em troca deste apoio, os petistas garantiriam o aumento da margem de remanejamento no orçamento municipal da capital (a margem passou de 1% para 15%) e a eleição do candidato do prefeito José Serra à presidência do Legislativo municipal, Ricardo Montoro (PSDB). "Eu mesmo fechei esse entendimento com os deputados petistas Henrique Fontana (RS) e Arlindo Chinaglia (SP) e frisei a questão de São Paulo, que ganhou importância com a eleição de Serra", informou.
De acordo com o líder tucano, o entendimento teve o aval da presidência nacional do PT e houve a garantia de que a bancada do PT em São Paulo iria cumprir o acordo. "Depois dessa molecagem ocorrida na capital, a nossa primeira reação era a de retaliar também, mas os ânimos esfriaram e vamos encarar a questão com maturidade e responsabilidade", garantiu.
Mattos disse que vai conversar com o prefeito e presidente nacional da legenda, José Serra, e que ainda esta semana seu partido deve se reunir para tomar uma posição de consenso a respeito da sucessão à presidência da Câmara dos Deputados.
Na sua avaliação, o nome do petista Greenhalgh é adequado para o cargo, mas a bancada do PSDB deverá se reunir para adotar uma postura de consenso com relação à sucessão na Câmara, por conta do episódio de São Paulo. Mattos diz que o ocorrido na capital pode também ter outra leitura. "Temos de ver todas as hipóteses, quem sabe não foi uma manobra de algum segmento do próprio PT para desestabilizar a candidatura de Greenhalgh?", questionou.
