Genoino diz que sai para não prejudicar o socialismo

São Paulo – O ex-presidente nacional do PT José Genoino disse em seu pronunciamento à imprensa que pediu afastamento do cargo para não prejudicar o projeto de esquerda e de construção do socialismo conduzido pelo PT e também para não afetar o governo Lula, que ele apontou como estratégico para esse projeto. Ele disse que coloca o governo e o partido acima do seu projeto pessoal e de sua carreira.

"Minhas pretensões estão em segundo plano. Estou saindo para permitir uma repactuação interna do partido, com a escolha de uma nova comissão executiva que permita a recuperação do partido", disse Genoino, que ficou à frente da presidência do PT por 30 meses. Na despedida, ele disse que cometeu erros e falhas, mas garantiu que não praticou atos ilícitos. "O PT não compra e não pagou deputados. Buscamos fazer política formando consciências", disse Genoino.

Ele disse que deixou a presidência para facilitar o entendimento interno que leve à reconstrução do partido. "Não queria ser obstáculo para revigorar o partido. Esta não é uma luta entre bons e maus. O nosso projeto é pluralista e vamos dar a volta por cima, surpreendendo mais uma vez os articulistas que acham que não sairemos desta", disse Genoino, que, muito emocionado, não quis dar entrevista, limitando-se ao pronunciamento. Depois disso, a reunião do diretório nacional foi interrompida e  retomada depois do almoço, com o papel de se remontar a executiva nacional do partido.

O deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, disse que a decisão de José Genoino de se afastar da presidência do PT foi acertada, corajosa e nobre. Ele disse acreditar na inocência de Genoino e esperar que em breve ele consiga voltar à cena "de cabeça erguida". O deputado disse que o atual momento é mais um dos episódios difíceis na história do PT, mas que é preciso ter orgulho dessa missão. "Nós sempre estivemos tentando superar obstáculos. O PT é um partido que já nasceu na contramão", afirmou.

A ex-prefeita Marta Suplicy (PT), por sua vez, disse que o partido vive um momento "muito difícil para sobreviver". "Precisamos apurar tudo até a última gota. O PT pode sobreviver, mas terá que fazer uma investigação muito, muito, muito, muito, muito grande. Ir até o fundo do poço", disse Marta, que era a primeira na linha sucessória em condições estatutárias para assumir o lugar do presidente José Genoino.

Na véspera, o deputado federal José Dirceu (PT-SP) defendeu, durante a reunião do campo majoritário, corrente que administra o PT há dez anos, a permanência de José Genoino à frente da presidência do partido. No mesmo encontro, o deputado Paulo Delgado (PT-MG), membro da executiva nacional do partido, pediu a nomeação de uma comissão executiva provisória para administrar o partido até setembro, quando será eleita a nova direção petista. 

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