São Paulo – Na semana seguinte à derrota do governo na eleição para a Presidência da Câmara, o presidente do Partido dos Trabalhadores, José Genoino decidiu poupar críticas ao novo presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), mas respondeu às afirmações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que o PT estaria destruindo os partidos políticos. Um dos maiores defensores da candidato petista Eduardo Greenhalgh, derrotado na disputa pela liderança na Câmara, Genoino defendeu, em entrevista publicada na página do PT na internet, uma relação de "respeito institucional" com Severino Cavalcanti. "Se 300 deputados o escolheram, vamos respeitar o resultado", disse.
Em resposta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no entanto, o tom foi menos pacífico. "FHC está jogando no quanto pior, melhor", atacou Genoino. O petista afirmou que o partido procurou líderes de outras siglas, inclusive do PSDB e do PFL, para alcançar um consenso na eleição para a Câmara, mas tucanos e pefelistas teriam boicotado o acordo interpartidário. "FHC agora fica buscando culpados e acusa o PT", disse.
José Genoino também defendeu maior empenho dos deputados do PT para aprovar ainda este ano, no Congresso, pontos da reforma política, como a fidelidade partidária, o financiamento público de campanhas e a votação em lista. Para Genoino, o foco sobre a reforma política pode ajudar o governo a fortalecer o diálogo com outros partidos e consolidar o apoio dos deputados às medidas propostas pelo governo. "A base dessa conversa tem de ser uma agenda, até porque este é um ano em que não temos eleições à vista", disse.
A defesa da aceleração da reforma política surge na semana seguinte à derrota governista na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, apontada pelo próprio candidato do partido ao cargo, Eduardo Greenhalgh, como sinal da falta de articulação política do PT entre os parlamentares aliados.
Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em seu programa quinzenal de rádio, "Café com o presidente", que não vê nenhum problema na eleição do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidente da Câmara dos Deputados. O presidente se referiu a Severino, que foi eleito derrotando dois candidatos petistas, como "um companheiro do PP", e afirmou que tem que governar o País, independente de quem seja o presidente da Câmara.
"Olha, de vez em quando se vende como se o mundo tivesse acabado. Estava acompanhando a votação na Câmara e vi o noticiário como se o mundo tivesse acabado. Não. O que aconteceu na Câmara? Aconteceu um movimento que resultou na eleição de um companheiro do PP, que é o Severino. E eu não vejo nenhum problema. Não vejo nenhum problema de trabalhar com o Severino, como trabalhamos com o João Paulo. Como trabalharemos com outros no futuro. Tenho que governar o País, independentemente de quem seja o presidente da Câmara, de quem seja o primeiro-secretário, o tesoureiro. Tenho que governar o país", disse Lula.