Com apoio do ministro da Defesa, Nelson Jobim, o presidente da Infraero, Sergio Gaudenzi, promoveu nesta quarta-feira (12) a maior reviravolta no comando da estatal que administra a infra-estrutura aeroportuária e nas superintendências dos próprios aeroportos, cargos muito cobiçados pelos políticos. Além de demitir 11 administradores, outros 68 executivos da estatal foram trocados de função.
Em nota oficial distribuída nesta quarta-feira à noite, a direção da Infraero deixa claro que as mudanças "foram fruto de decisão da diretoria colegiada" da estatal. Gaudenzi também não deixou dúvida sobre o objetivo a alcançar: "o desenvolvimento de um modelo gerencial centrado em resultados". Essa busca de resultados tem a ver com a proposta em estudo no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para abrir o capital da Infraero a parcerias com o capital privado.
Os "ajustes na estrutura gerencial", como os rodízios de cargos e as demissões foram chamados por Gaudenzi, aconteceram nos aeroportos de Manaus (AM), Belém, (PA), Teresina (PI), Vitória (ES), Santos Dumont (RJ), Galeão (RJ), Jacarepaguá (RJ), Campinas (SP), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). Também foi referendada nesta quarta-feira a decisão de os aeroportos de Brasília (DF) Guarulhos (SP), Santos Dumont (RJ), Campinas (SP), Galeão (RJ), Confins (MG) e Congonhas (SP) – os mais importantes do País – passarem a ser subordinados diretamente à Diretoria Executiva da Infraero. Decisão que, na prática, profissionaliza as gestões desses aeroportos, retirando os cargos do alvo das reivindicações político-partidárias.
As mudanças na Infraero acontecem menos de um mês depois de os caciques dos 14 partidos da base aliada terem promovido um verdadeiro cerco à Infraero e exigirem o loteamento político dos cargos da empresa. Diante da resistência de Gaudenzi, os líderes políticos chegaram a negociar a cabeça dele. Uma mobilização dos superintendentes da empresa, com apoio de Jobim, reverteu a situação. Por meio de uma carta aberta entregue ao ministro da Defesa, eles pediram um basta nas "disputas políticas" na estatal, que "deve ter perfil técnico".
"Enquanto eu estiver aqui (na Defesa), não haverá mudanças na Infraero", disse Jobim a um grupo de superintendentes e diretores para garantir a manutenção de Gaudenzi no cargo.