São Paulo – O Ministério Público Estadual (MPE) pediu à Justiça o indiciamento de 18 pessoas envolvidas com lavagem de dinheiro do tráfico de drogas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). O dinheiro foi utilizado para a compra de pelo menos 22 postos de combustíveis na região do ABC, Mogi das Cruzes e litoral sul de São Paulo, colocados em nome de terceiros, os chamados laranjas, e até fantasmas. Também foi pedido o confisco desses 22 postos, que vendiam gasolina adulterada e foram autuados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). A Promotoria estima que a quadrilha tenha movimentado mais de R$ 6 milhões por mês no negócio.
De acordo com a promotora Adriana Ribeiro Soares de Morais, o grupo era administrado de dentro do presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, por Wilson Roberto Cuba, o Rabugento. Os contatos eram feitos com sua mulher, Carina Aparecida Bueno, que consta da lista do MPE.
As conclusões para o pedido de indiciamento por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro foram baseadas em inquérito policial da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Santo André. Centenas de interceptações telefônicas autorizadas mostraram os integrantes do grupo negociando compra de postos e até mesmo o assassinato de uma pessoa, no litoral.
Entre os 18 indiciados estão o atual vice-presidente da Associação Comercial de Mauá, Sidnei Garcia, e o advogado Umberto de Almeida Oliveira. Numa das escutas, o advogado disse a Sidnei Bacciotti Sobrinho, conhecido como Nei, comerciante do ramo de combustíveis, ?que Felipe Alemão é ligado, aqui fora, ao Gordo, de São José dos Campos, e a Rabugento?, ambos do PCC, e que Gordo arrecadava R$ 400 mil por mês a facção.
Oliveira também confirma, segundo o MPE, sua ligação com o PCC num diálogo de 26 de agosto de 2006. Ele conversa com Gilson, que está preso, e se apresenta como ?irmão? de Rabugento. Na gíria, irmão significa pertencer à facção.
Os promotores afirmam que o empresário Sidnei Garcia se relaciona socialmente com os membros da quadrilha e também contribui, em razão de seus negócios, para a lavagem de dinheiro do PCC. Entre outras coisas, Garcia é dono de uma locadora e revendedora de veículos em Mauá. ?Ele assumiu o papel de testa-de-ferro do posto Petromix, onde consta como sócio formal?, explicou o promotor Roberto Wider Filho. ?Além dos laranjas, que são colocados à frente das empresas sem saber, há também os acerolas, que são laranjas conscientes dos negócios?, contou Adriana. É o caso de Vagner Antonucci, Marcel Mathias Pinto e Cláudio José Jorge Monteiro, que constam da lista.
Os três figuram como sócios formais de postos pertencentes a Gildásio Siqueira Santos, o Gil, que teria dívida de R$ 1,2 milhão com Rabugento, e é acusado de adquirir vários estabelecimentos comerciais, carros e casas de luxo.