Brasília – O governo federal contingenciou as emendas dos parlamentares em fevereiro, com outros recursos do Orçamento, mas teve que utilizar o cofre no esforço para impedir a CPI. Só que, no caso de Anthony Garotinho, esse esforço foi totalmente em vão. Nenhum parlamentar ligado ao ex-governador retirou a assinatura da CPI, mesmo depois da liberação dos recursos para o Estado do Rio. Garotinho ainda se gabou de ter recebido apelos dramáticos dos articuladores políticos do Planalto para que socorresse o governo, o que não fez.
"Fui ao líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, pedir que não liberasse um tostão para meus deputados durante esses dias. Fica parecendo que estão comprando nosso apoio. Se não liberaram até agora, com tantos apelos feitos ao longo do ano, por que fazer isso exatamente neste momento em que o governo precisa do apoio dos deputados?", observou o líder do PP, José Janene (PR).
Segundo levantamento feito no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), o estado que recebeu o maior volume de recursos de emendas foi Goiás, que teve R$ 2 milhões liberados no dia 25 de maio. Na bancada goiana, três deputados da base retiraram as assinaturas da CPI.
Mato Grosso do Sul, do governador José Orcírio de Miranda, o Zeca do PT, recebeu R$ 1,3 milhão e aparece em segundo lugar nesse ranking. Quatro parlamentares do estado assinaram o pedido de CPI e nenhum deles voltou atrás.
Além de ser beneficiado com tamanha liberação para a bancada para seu estado, o líder do PL, Sandro Mabel (GO), foi o único líder a ser beneficiado individualmente, com R$ 125 mil, entre os dias 21 e 25 de maio. Foi dele, por sinal, a maior pressão para que os 13 deputados de seu partido retirassem as assinaturas.
No dia em que recebia suas emendas, quatro deputados do PL retiraram assinaturas. No dia 25 conseguiu a promessa de que outros cinco também retirariam, mas eles acabaram mantendo o nome no requerimento da CPI mista dos Correios.