Rio de Janeiro – O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, e sua mulher, a governadora do Estado, Rosinha Matheus, oficializaram ontem sua ida para o PMDB. A cerimômia de filiação está agendada para hoje, em Brasília. Durante o anúncio, Garotinho não soube precisar quantos deputados federais o acompanharão na troca de legenda, mas disse acreditar que o número será entre nove e 12 – de um total de 29. Segundo ele, “problemas regionais” atrapalhariam a filiação de alguns congressistas.

Ontem à tarde, Garotinho e Rosinha se reuniram com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Com o governo fluminense, o PMDB passa a administrar quatro Estados – Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – além do Distrito Federal. O PSB fica com três ?Espírito Santo, Alagoas e Rio Grande do Norte.

O ex-governador do Rio voltou a comentar sua “expulsão” do PSB, afirmando que tentou uma última investida para permanecer na legenda, na semana passada, mas “líderes do partido anteciparam sua saída”. “Não houve o recadastramento. Essa foi uma forma sutil do partido dizer que não havia possibilidade de reconciliação”, disse Anthony Garotinho, que foi candidato a presidente da República nas eleições do ano passado pelo PSB.

Garotinho justificou a escolha do partido porque seria “a opção da maioria” que o acompanhará. Além do PMDB, também negociava com o PDT, sigla pela qual se elegeu governador do Rio em 98 e que deixou por divergências com o presidente Leonel Brizola. Ontem, ele e Rosinha teriam um encontro com o líder do PDT, desmarcado de última hora.

Críticas

“Eu e Rosinha estávamos doentes [uma forte gripe], por isso desmarcamos a reunião. Não tem nenhuma relação com o fato de termos escolhido o PMDB.” Apesar das sucessivas críticas ao governo Lula nos últimos meses, o secretário de Segurança do Rio sinalizou que não adotará uma postura de oposição. “Política não se faz com mágoas ou ressentimentos.”

“O PMDB não me fez exigências de silenciar quando houver discordância. Nós nunca desenvolvemos nenhum tipo de hostilidade ao governo Lula, temos críticas pontuais. O meu partido [PSB] também fazia parte da base”, afirmou. Garotinho esquivou-se de comentar sobre os possíveis cargos no primeiro escalão do governo que o seu novo partido deverá assumir. “Pato novo não mergulha fundo. Estou entrando agora e não vou me meter nesse negócio de ministério.”

Também fez questão de desvincular seu ingresso na sigla a um acordo para concorrer à Presidência em 2006. “Não pensei sobre essa questão na hora de entrar. Até porque se fosse para garantir uma vaga, seria melhor optar por um partido pequeno. Tenho somente 43 anos. Se disputar e vencer somente daqui a 15 anos, eu vou ter a idade do Lula. Porém acho que as circunstâncias são favoráveis já que disputei as eleições com poucos recursos, palanques e tempo na TV e mesmo assim tive 15 milhões de votos”, disse o ex-governador e secretário de Segurança.

Requião critica filiações

Rio de Janeiro  (AE)  – O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), classificou ontem como “inconveniente” a entrada do ex-governador e secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, no partido. Antes de embarcar para os Estados Unidos, Requião disse que não há sentido no ingresso de um político que vinha fazendo “oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva” no momento em que o PMDB está mais próximo do presidente da República. Na avaliação do governador, seria como se o PMDB levasse a senadora petista Heloísa Helena ao partido. Heloísa Helena tem feito duras críticas ao governo Lula e corre o risco de ser expulsa do PT.

continua após a publicidade

continua após a publicidade