O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, disse hoje, após ser recebido por apenas dez pessoas no aeroporto de Juiz de Fora, em Minas Gerais, acreditar no fenômeno da ?multiplicação dos votos?, durante reunião com cerca de 150 pastores no centro da cidade, em que pediu que os fiéis orem por sua candidatura. Em discurso marcado por críticas à imprensa, à TV Globo, aos institutos de pesquisa de intenção de votos e aos candidatos concorrentes na sucessão presidencial, Garotinho citou a Bíblia cinco vezes e disse que ?é melhor ser cristão do que ladrão?.
?Eu, que já fui marxista por muitos anos, sei que as coisas, antes de serem decididas no campo material, são decididas no campo espiritual. A Bíblia diz que Deus não gosta de filho preguiçoso, portanto peço que orem pela nossa candidatura. É preciso colocar o joelho no chão e fazer a nossa parte, orem e trabalhem, vamos multiplicar e convencer as pessoas?, conclamou.
Questionado por repórteres se acreditava no fenômeno da multiplicação dos votos, Garotinho respondeu: ?Não só acredito como acho que as pesquisas estão manipuladas. Como vocês vão se justificar quando vier o resultado da eleição??, rebateu os jornalistas. ?O povo brasileiro vai se sentir profundamente traído pela imprensa, que está fazendo uma cobertura tendenciosa desigual e parcial, tentando manipular a população em favor da candidatura de José Serra (PSDB)?.
Em uma das vezes em que citou a Bíblia no discurso, Garotinho associou o número do seu partido ao Livro Sagrado. Declarou que ?antes de Jesus começar seu ministério, jejuou por 40 dias. Se eu for falar tudo, que começa com 40 (número do PSB nas eleições) na Bíblia, vou ficar aqui até amanhã?.
Garotinho disse, porém, que não será o presidente apenas dos evangélicos, mas de todos. Após o discurso de Garotinho, o pastor e vereador Mariano Júnior (PSDB) fez uma oração, acompanhado por todos os presentes no Instituto Metodista Granbery, que levantaram as mãos.
O candidato desembarcou no aeroporto de Juiz de Fora acompanhado por três assessores e pela filha Clarissa. Ele criticou o fato de o programa de José Serra (PSDB) mostrar gravações de Ciro Gomes, dando a impressão de que as inserções não fazem parte do programa eleitoral tucano. ?Embora seja no horário dele (Serra) ele não aparece. Põe um locutor e faz uma montagem dando a entender que o programa terminou. Não acho que seja legítimo com a população?, declarou.
Em rápida entrevista, ainda no aeroporto, Garotinho reclamou da decisão do TSE de proibir sua participação no programa eleitoral gratuito do PSB para o Senado e o governo do Estado em São Paulo. ?Só quero que seja para todos. Não pode ter uma decisão proibindo o Garotinho e autorizando outros candidatos. O Lula continua no ar no programa do Genoíno em São Paulo e o Serra aparece constantemente no programa da Solange Amaral, no Rio. Não pode ter o TSE decidindo ora de um jeito ora de outro. Ou a lei é igual para todos ou fica parecendo um processo pouco democrático?, afirmou o candidato socialista.
Garotinho afirmou que o petista Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à sucessão presidencial, fez ?muitas concessões? e, se eleito, faria um governo ?neoliberal como o de Fernando Henrique Cardoso?. Em relação a Ciro Gomes (PPS), o candidato do PSB disse que faria um governo ?conservador, com todas as alianças que fez e as pessoas que convidou, como o ilustre economista José Alexandre Scheinkman.?
Durante caminhada no centro da cidade, acompanhado por cerca de 50 pessoas, Garotinho visitou a loja de sucos do libanês Ronaldo Miana, que fez um cardápio com bebidas que levam os nomes dos quatro principais candidatos à Presidência. O suco Garotinho é uma mistura de goiaba, tangerina e laranja. ?O único suco que tem a ver com o candidato é do Serra, que leva limão?, alfinetou Garotinho.