O candidato derrotado do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, declarou ontem apoio ao petista Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo segundo turno das eleições presidenciais, mas avisou que quer distância do PT do Rio. O ex-governador anunciou uma fórmula para não se aproximar dos petistas fluminenses, com os quais tem graves divergências: os socialistas farão uma campanha separada, com a presença só de Lula.
Rio – Segundo Garotinho, “serão dois palanques. O Lula vem ao Rio? O PT organiza um comício, o PSB organiza outro”. Ele fez este anúncio depois de uma reunião com o presidente do PSB, Miguel Arraes, que teria influenciado a decisão do ex-governador fluminense. O mesmo tom foi repetido por sua mulher, Rosinha, eleita governadora do Rio, no primeiro turno. “Vamos fazer um palanque separado, vai ser mais saudável”, disse ela.
O PSB formaliza hoje o apoio a Lula, em um documento que pedirá o compromisso do PT em relação a cinco pontos, entre os quais a revisão do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o salário mínimo de R$ 280. Os outros são o fortalecimento das Forças Armadas, a rejeição à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a proibição de que a Base de Alcântara (MA) seja cedida aos EUA para manobras militares. Os socialistas ressaltaram que não são condições para apoio, mas posições que querem deixar claras.
Apesar de ter se comprometido a pedir votos para Lula, Garotinho disse que não vai mobilizar o eleitorado evangélico, onde tem influência, por ser presbiteriano. “Os evangélicos não são partido político. Não têm obrigação de votar em um candidato”, afirmou. “Daremos apoio a ele (Lula). Não há dúvida. A possibilidade de neutralidade nunca existiu. Não fico em cima do muro”, afirmou Garotinho, que disse jamais ter cogitado apoiar o candidato do PSDB, José Serra. “Fiz uma campanha à esquerda do Lula”, completou. Garotinho ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, com 15 milhões (18%) de votos.
Garotinho lembrou que a disputa estadual entre sua mulher, Rosinha, e a petista Benedita da Silva, que tentava a reeleição, foi traumática. “O PT jogou muito baixo, chamou a Rosinha de cara-de-pau, usou expressões chulas. A Benedita já se intitulou coordenadora da campanha no Rio. Não vamos nos submeter à coordenação de Benedita. Vamos fazer nossos comícios”, avisou o ex-governador do Rio. Rosinha tem chamado o PT do Rio de “raivoso”.
Nos dois dias seguintes à eleição, Garotinho criou suspense sobre a atitude que tomaria no segundo turno. Disse que só ficaria com Lula se o petista se afastasse das alianças à direita. Rosinha, por sua vez, mostrou-se ainda mais resistente a pedir votos para o PT. Foi então que o comando do PSB decidiu pressionar o casal para não ficar fora do segundo turno.