Em greve desde a 0h desta sexta-feira, 13, os garis do Rio se reúnem hoje para decidir se a mobilização será interrompida após uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) declarar a paralisação ilegal e obrigar a categoria a voltar ao trabalho. Segundo Luciano David de Araújo, presidente do Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio, a entidade vai consultar assessores jurídicos e deve entrar com um recurso contra o parecer judicial.
“Cheguei no sindicato às 5h, e às 8h10 chegou um oficial de justiça aqui me notificando. Vamos ter uma reunião agora e vamos saber com o assessor jurídico qual posição podemos tomar”. Segundo ele, 1200 pessoas participaram da assembleia desta quinta-feira, que decidiu pela greve.
O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região informou que foi deferida liminar pelo desembargador do Trabalho Theocrito Borges dos Santos Filho determinando a imediata suspensão da greve e o retorno dos empregados aos seus postos de serviço, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. Em nota, a assessoria do tribunal declarou que a decisão requisitou ainda “força policial para as portas das garagens da empresa a fim de permitir que os trabalhadores que queiram sair com seus caminhões de coleta de lixo possam fazê-lo sem serem intimidados por piquetes de grevistas”.
De acordo com Araújo, a adesão à greve é de 80% entre 22 mil empregados da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), contando com garis e funcionários administrativos. A categoria reivindica aumento salarial de 7,7%, equivalente ao índice de inflação entre março de 2014 e 2015, a passagem do vale refeição de R$ 20 para R$ 27 e acréscimo no adicional de insalubridade.
Na segunda-feira, 9, a Comlurb apresentou ao sindicato uma proposta de reajuste de 3%, sem aumento do auxílio-alimentação e do adicional de insalubridade, o que não foi aceito pelos trabalhadores. “A categoria achou que foi uma falta de respeito da Comlurb”, afirmou Araújo. De acordo com a Comlurb, o salário inicial dos garis é hoje de R$ 1.100,00. Os trabalhadores têm direito ainda a 40% de adicional de insalubridade (R$ 440,00, dependendo da função exercida) e vale alimentação no valor de R$ 600,00. Eles também recebem benefícios como vale transporte, plano de saúde e odontológico e seguro de vida.
Em nota, a Comlurb afirmou que “está em período de negociação do Acordo Coletivo dos Garis com o Sindicato dos Empregados e Empresas do Asseio e Conservação do Rio de Janeiro até o dia 31 de março”. A companhia declarou “ter sido surpreendida por um anúncio de greve ainda durante a fase de negociação e sem o aviso prévio previsto em lei”.
A paralisação ocorre pouco mais de um ano depois da última greve da categoria, em 1º de março, que vigorou por sete dias durante o carnaval do ano passado. Na época, a falta da coleta fez com que pilhas de lixo se acumulassem pelas ruas da cidade. O movimento não teve apoio do sindicato e foi conduzido por lideranças independentes. Cerca de 300 garis deixaram de trabalhar no período.