Apesar de persistente, o desenvolvimento dos municípios na área da educação vem perdendo velocidade nos últimos anos, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). Mesmo com avanço nos “insumos”, ou seja, no número de crianças com acesso à escola e na qualificação dos professores, as notas do Ideb (exame que avalia a qualidade da educação básica) têm evoluído de forma cada vez mais lenta.
“Se repetirmos o desempenho do último Ideb, em vez de atingir a média 6,0 em 2021, como é a meta do governo, vamos atingir só em 2031. Teremos um atraso na educação de no mínimo dez anos ou uma geração em termos de qualidade da educação”, afirma o pesquisador Guilherme Mercês, gerente de Ambiente de Negócios e Infraestrutura da Firjan.
A entidade reconhece avanços nos últimos anos. Entre 2005 e 2013, a taxa de abandono no ensino fundamental recuou de 7,5% para 2,2%. Enquanto isso, o número de professores do ensino fundamental que possuem graduação subiu de 66% para 79% no período.
Mesmo assim, a evolução dos alunos brasileiros no último Ideb, de 2013, foi a menor desde a criação do exame em 2005. A nota foi de 4,5, crescimento de 3,5% em relação à edição de 2011.
“O principal desafio está nos resultados das políticas públicas, no uso eficiente dos recursos. Evoluímos muito nos insumos da educação, a gente colocou mais crianças na escola, qualificou melhor os professores e manteve as crianças na escola. Esperávamos que o resultado final fosse de crianças mais educadas”, diz Mercês.
O IFDM de educação melhorou 2,8% entre 2012 e 2013. O indicador avalia o número de matrículas na educação infantil, a distorção idade-série do ensino fundamental e a média de horas-aula diárias, além dos quesitos de abandono, formação de professores e nota no Ideb já citados.
A despeito dos temores em relação ao futuro, a melhora da área educacional foi a que conseguiu atingir o maior número de municípios: 81,6% ao todo. Sul, Sudeste e Centro-Oeste concentram aqueles que têm alto desenvolvimento em educação.
Saúde
Na saúde, o ano de 2013 também foi de ganhos. A alta de 1,9% em relação a 2012 ocorreu principalmente porque o número de Internações Sensíveis à Atenção Básica (ISABs) diminuiu de forma considerável no período. O conceito é usado para definir a internação que seria evitável se os serviços de atenção básica fossem efetivos e acessíveis. Outros quesitos avaliados são os números de consultas pré-natal, óbitos por causas mal definidas e os óbitos infantis por causas evitáveis.
Apesar da melhora, Mercês destacou que o País ainda tem muitos desafios pela frente. “A saúde no Brasil não é para todos. Mais de quatro milhões de brasileiros vivem praticamente sem acesso a recursos básicos de saúde, concentrados em municípios de baixo desenvolvimento no Norte e no Nordeste”, lista o pesquisador.
“Nesses locais, em um a cada quatro óbitos não se sabe por que a pessoa morreu. Quando olhamos municípios mais desenvolvidos, isso ocorre a cada 20, então as políticas públicas são mais bem sucedidas. Nos menos desenvolvidos, se gasta munição onde não deve gastar. Não é uma questão de mais recursos, mas de melhor emprego desses recursos para conquistar os resultados desejados”, frisa Mercês.