A cantora Gal Costa negou nesta quarta-feira (20), através de uma nota, que tenha furado a fila no processo de adoção do menino Gabriel, de dois anos, como alega o Ministério Público do Rio. Gal garante que passou por todo processo exigido pela Justiça e que, ao contrário do que diz o MP, não havia nenhum casal interessado em adotar o menino. Diz a nota que "o propalado casal, que supostamente estaria na frente da fila de espera, não estava habilitado; abandonara a criança que estava irregularmente em seu poder; deixara a criança chegar a um estado de saúde lastimável, que levou o próprio Ministério Público a pedir que ela fosse colocada em um abrigo para sua própria proteção.

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O MP garante que há um casal habilitado para adoção interessado em Gabriel. O caso está no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio e deve entrar na pauta de votação em 20 dias. Três desembargadores vão decidir se Gabriel fica com Gal, com quem está desde o dia 13 de abril, ou volta para o abrigo para ser entregue ao primeiro casal interessado na adoção entre os 400 que estão na fila. O menino, que sofre de raquitismo, já passou por três abrigos para crianças no Rio. Desde janeiro deste ano, ele está legalmente disponível para adoção. Gal, que entrou em 2006 com o processo de habilitação para adoção, conheceu a criança no abrigo Casa Jimmy, em Santa Tereza. Primeiro ela conseguiu o direito de passar com ele os finais de semana e depois ganhou a guarda provisória.

Há 20 dias, o MP pediu a busca e apreensão do menino, alegando que a fila não tinha sido respeitada e que a decisão da adoção caberia à 2ª Vara Regional de Santa Cruz, bairro carioca próximo a Bangu, onde o menino nasceu. Gabriel só não foi retirado de Gal porque a cantora tinha se mudado do Rio para Salvador. Ela conseguiu um mandado de segurança para continuar com o menino até que o mérito seja julgado pelo Órgão Especial.

Gabriel está fora do padrão de criança mais procurado para adoção no Rio. Segundo o desembargador Siro Darlan, que durante 14 anos foi juiz da Vara da Infância, a maior procura é por criança branca, do sexo feminino, com menos de um ano de idade e saudável. "É terrível que seja assim porque os abrigos estão cheios de crianças para serem adotadas", diz. Darlan se juntou ao MP no pedido de investigação do caso. Quinze dias depois de Gal Costa ter conseguido a guarda provisória de Gabriel, ele mandou um ofício ao presidente do TJ, desembargador José Carlos Murta Ribeiro, pedindo que fosse investigado se Gal furou a fila.

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Na nota divulgada nesta quarta-feira, Gal diz que Gabriel "é um brasileiro típico, caboclo, subnutrido, raquítico e com sérios problemas de saúde" e que ela "ama a criança como filho". Segundo a nota, ele está se recuperando muito bem do raquitismo, já engordou um quilo e meio e está aprendendo a falar. A primeira palavra que aprendeu foi mama.