A primeira fase do vestibular da Fuvest ocorreu hoje com taxa de abstenção recorde: 9,95% – ou 14.621 faltantes, de um total de 146.892 candidatos. Essa é a maior taxa desde 2002, quando essa etapa da prova passou a ser realizada em um dia. No ano passado, o índice foi de 7,79%. Em 2009, 5,95%. A prova foi aplicada sem nenhum incidente.
Sobre o alto índice de faltas, a assessoria de imprensa da Fuvest afirma ainda não ter um diagnóstico que justifique a taxa. No entanto, segundo José Coelho Sobrinho, assessor de imprensa da fundação, é possível que nesse número estejam incluídos os alunos do segundo ano do ensino médio, oriundos de escolas públicas, que se inscreveram no Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp). Esses alunos fazem a primeira fase da Fuvest para acumular pontos e conseguir um bônus de até 15% na nota dessa etapa do vestibular. “Pode ser que esses estudantes tenham engrossado essa taxa”, afirma.
O maior índice de abstenção é de Presidente Prudente: 14,50%. Na Grande São Paulo, a média foi de 9,74%. Neste ano, o número de inscritos na Fuvest cresceu 10,47% em relação a 2010. A prova da primeira fase teve 90 questões de múltipla escolha das disciplinas que fazem parte do currículo do ensino médio.
Viagem
Depois de viajar 2.555 quilômetros de São Luís (MA) a São José do Rio Preto (SP), onde fez as provas da Fuvest, a estudante Maria Carolina Malta Medeiros, 17 anos, arruma as malas amanhã para viajar mais 870 quilômetros, até o Rio de Janeiro, para prestar novo vestibular, agora na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). E quando retornar para o Maranhão, na próxima segunda-feira, terá viajado mais de 5,6 mil quilômetros.
“Essa maratona vai compensar, tenho certeza disso”, diz Maria Carolina, estudante do terceiro ano do ensino médio que pretende entrar em Medicina. Desde quinta-feira em São José do Rio Preto, Carolina foi uma das últimas a deixar o local das provas, na Universidade Grandes Lagos (Unilago). “Se pudesse eu terminaria algumas questões que ficaram por fazer”, diz. “Não há nada fácil na Fuvest, mas posso dizer que a prova de história e de biologia achei que foram as mais tranquilas, mas matemática estava muito difícil”, contou.
Tanto sacrifício tem um motivo particular. “É um sonho antigo. Decidi por medicina quando ainda tinha 13, 14 anos e precisei cuidar do meu pai, que ficou muito tempo doente. Ele se foi, mas quero estudar e me formar para salvar outras vidas”. A escolha por São Paulo se deu porque Carolina tem um irmão, formado na Unesp de Bauru, que mora em São José do Rio Preto. “Ficaria mais fácil para minha mãe visitar a gente”, afirma. (Colaborou Chico Siqueira)