Mais de 117 mil candidatos participaram da primeira fase da Fuvest na tarde deste domingo, 25, no Estado de São Paulo. A abstenção foi a menor em oito anos, com 8,3% do total de inscritos. Entre os candidatos, as questões de Exatas foram consideradas as mais difíceis. Para coordenadores de cursos pré-vestibular, a prova foi atual e exigiu mais interpretação de texto do que em edições anteriores.

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“Tinha uma grande quantidade de textos, imagens, gráficos, tabelas, mesmo nas Exatas e em Biologia. Foi uma prova rica em interpretação. Exigia o conhecimento do Ensino Médio, mas como uma base para pensar”, aponta o professor Daily de Matos, coordenador do Objetivo.

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Para Daniel Perry, coordenador do Anglo Vestibulares, a prova manteve o nível de dificuldade dos últimos anos. “É uma prova de característica tradicional, conteudista, porém com questões elaboradas de maneira inteligente, sem a exigência de notas de rodapé.”

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Dentre as questões, chamou a atenção as que exigiam conhecimento multidisciplinar, como uma relativa ao efeito estufa, que envolvia Geografia, Física e Química. Outro exemplo estava na prova de Inglês, sobre as políticas públicas do governo Donald Trump.

Coordenador-geral do Grupo Etapa, Edmilson Motta ressalta, contudo, que a parte de Exatas foi majoritariamente tradicional, com exceção de Matemática. “A prova de Física tinha muita questão que precisava deduzir fórmula”, exemplifica.

Já Moisés Rodrigues, professor do Cursinho da Poli, diz que Matemática foi menos difícil do que nos últimos três anos, especialmente por exigir poucos cálculos. Além disso, temas tradicionais, como geometria analítica e polinômios ficaram de fora, enquanto trigonometria foi pouco abordada.

O professor também destaca duas questões de interpretação de gráfico, que é uma abordagem próxima do estilo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Além disso, uma questão da prova seria igual a uma da Fuvest de 1994.

Em História, a professora Kaili Takamori, do Cursinho da Poli, ressalta o uso maior uso de imagens, mas critica a qualidade da impressão. Segundo ela, por a prova ser em preto e branco, eram difícil perceber que o homem retratado em uma questão era negro, por exemplo. “Para o aluno resolver, era importante que ele tivesse essa referência. Sem legenda, complicou bastante.”

Em Literatura, apenas seis das nove leituras obrigatórias foram abordadas na prova. O livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, apareceu em três questões, o que é fora do usual, de acordo com Vera Ramalho, professora do Oficina do Estudante. “Ele já estava há bastante tempo na lista de obras. A prova costuma investir nas mais novas.”

Professor do mesmo curso, Renato Piton destaca que a prova teve mais questões de geografia física (7) do que de geografia humana e política (4). “Tinham níveis variáveis de dificuldade. A mais complicada era que a precisava descobrir a cidade a partir de uma tabela com o clima.”

Candidatos

O estudante Gustavo Guimarães, de 18 anos, fez a prova para transferir o curso de Física, que já faz na USP, para Ciência da Computação. “Achei que seria mais complicada. Gosto do formato da Fuvest”, diz. Ao ser questionado sobre qual disciplina foi mais difícil, respondeu Física.

A estudante Jussara Pereira dos Santos, de 18 anos, concorre a uma vaga em Medicina e considerou a prova fácil. “Achei que era assustador, mas foi tranquilo”, diz. Ela também fez o Enem e considerou que as provas tinham o mesmo nível.

Tentando pela primeira vez a Fuvest, a biomédica Vanessa Silveira, de 24 anos, teve como aliada a experiência de já ter feito uma graduação. “Fácil, não estava. Mas não estava impossível.”

A estudante Isabella Sozza, que quer fazer Letras, elogiou a parte de humanas da prova. “A de Literatura estava fácil”, conta. Ela também fez o Enem, que achou mais difícil. “Tinha muita coisa que a gente não estudou no Ensino Médio.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.