Furnas teme novos apagões

No dia seguinte ao apagão que deixou todos os municípios do Rio de Janeiro e do Espírito Santo sem energia elétrica por até duas horas no início da noite, o diretor de Operação de Furnas, Fábio Resende, disse ontem não ter como garantir que não haverá novos problemas, pois hoje o consumo de energia será muito maior, com o funcionamento normal das indústrias. No Rio, o apagão provocou sérios estragos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Com a volta da energia, houve pressão exagerada na tubulação da Estação de Guandu, responsável pelo abastecimento de água de toda a cidade. Comportas de escape foram abertas, o canal transbordou e 40 casas foram inundadas. Faltou água em bairros da zona oeste.

A interrupção no fornecimento de energia foi causada, segundo o diretor de Furnas, por falha nos sensores de proteção do sistema, que desligam automaticamente as linhas de transmissão em caso de curto-circuito, tempestades fortes e raios. Os equipamentos, porém, desativaram duas linhas sem que nenhum problema tivesse ocorrido.

Como uma terceira linha já estava fora de operação, por causa da baixa demanda de energia no primeiro dia do ano, sobrou apenas a quarta, que, sobrecarregada, se desligou, também. Neste momento, às 18h31, houve apagão nos dois estados. "O problema de ontem foi o mais grave (suspensão de transmissão de energia) no atual governo e é muito incômodo. Pode acontecer de novo e estamos nos cercando de todos os cuidados. Hoje a carga de energia é pesada. O ideal era não ter acontecido, mas foi melhor acontecer no feriado, com o consumo muito mais baixo", disse Resende. Furnas é a geradora e transmissora da energia que abastece Rio de Janeiro, Espírito Santo e mais seis estados.

Sensores

O problema aconteceu na subestação da cidade de Cachoeira Paulista, em São Paulo, de onde partem linhas de transmissão para quatro subestações no Rio, responsáveis também pelo abastecimento do Espírito Santo. O sistema elétrico é muito bem projetado para suprir falhas, mas não uma pane como essa. Não há como ter sistema de segurança do sistema de segurança, é muito caro. Isso poderia inviabilizar o custo da energia", argumentou o engenheiro.

Blecaute após multa milionária

Brasília – A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, convocou para hoje reunião para discutir as causas do blecaute que no primeiro dia do ano atingiu a capital do Rio de Janeiro e diversas cidades do estado, além de municípios do Espírito Santo e de Minas Gerais. O assunto será discutido com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, formado por representantes do ministério, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Nacional de Águas (ANA). Também deverão participar técnicos de Furnas Centrais Elétricas, responsável pelas instalações onde ocorreu o incidente.

A reunião está prevista para as 14h, na sede do ministério. Dilma mostrou-se preocupada com a demora no religamento do sistema, e pretende fazer o diagnóstico do problema com os técnicos. O comitê tem por tarefa acompanhar a garantia do suprimento de eletricidade no País, tanto do ponto de vista energético (garantia das fontes de energia, como água, gás, etc), quanto do ponto de vista elétrico (segurança das redes e instalações e dos procedimentos operacionais, entre outros).

O novo apagão ocorre um mês após Furnas ter recebido multa de R$ 9,932 milhões por outro apagão, que também atingiu o Rio de Janeiro e Espírito Santo, em maio do ano passado. Outra multa milionária por causa de blecaute foi aplicada no ano passado a Centrais Elétricas de Santa Catarina, no valor de R$ 7,917 milhões.

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