Fundos de pensão entram na mira das investigações

Brasília – O uso político dos fundos de pensão das empresas estatais é o novo alvo das investigações do Congresso Nacional. Juntos, eles possuem um patrimônio avaliado em R$ 230 bilhões – quase US$ 100 bilhões – com participação no controle acionário das duzentas maiores empresas do País. Integrantes da CPI Mista dos Correios passaram a concentrar a atenção em três aspectos das operações dessas instituições: os negócios considerados suspeitos na compra e venda de ações de indústrias e bancos privados, com alta taxa de lucratividade para corretores; o financiamento de campanhas eleitorais por empresas nas quais os fundos, como acionistas, têm representantes com poder de influência administrativa e a ocupação por integrantes do PT e aliados do governo nos postos de comando das maiores fundações estatais e, também, das áreas-chave do sistema de fiscalização dessas entidades de previdência.

No centro da investigação estão Luiz Gushiken, ministro da Secretaria de Comunicação de Governo (Secom) e José Dirceu, deputado federal e ex-ministro da Casa Civil. A ambos são atribuídas indicações de aliados políticos para diretorias de fundos de pensão estatais.

Antes de assumir o ministério, Gushiken era sócio de uma empresa especializada em assessoria a fundos de previdência – a Gushiken e Associados. O ministro saiu do quadro de sócios em 2002, a empresa passou a se chamar Globalprev e, apenas no primeiro ano do governo Lula, seu faturamento com empresas estatais e sindicatos aumentou em 595,36%.

Na Casa Civil, Dirceu participou de todas as nomeações. Alguns de seus assessores, como Marcelo Sereno, atual secretário de Comunicação do PT, indicaram aliados para cargos em fundações. Foi o caso da Real Grandeza, caixa de previdência dos funcionários de Furnas Centrais Elétricas e Eletrobrás Termonuclear, cujos ativos financeiros ultrapassam R$ 4,8 bilhões.

Gushiken, Dirceu e diretores dos maiores fundos de pensão estatais, entre eles Previ, do Banco do Brasil; Funcef, da Caixa Econômica Federal; Petros, da Petrobras; e Postalis, da Empresa Brasileira de Correios, devem ser convocados para depor na CPI Mista dos Correios.

?Pode ter certeza: esse é um tema que vai crescer muito nas próximas semanas?, comenta o presidente da CPI Mista dos Correios, senador Delcídio do Amaral (PT-MS). ?O pessoal aqui está se dedicando muito a isso. É um tema, digamos, com muita musculatura.?

Os partidos da oposição já informaram ao presidente da CPI Mista que começaram a avançar na investigação das supostas ligações entre fundações estatais, partidos políticos e caixa de campanha eleitoral. Para diluir a pressão governista no plenário da CPI Mista, PFL e PSDB adotaram a tática de apresentar, primeiro, requerimentos de audiência dos envolvidos em diferentes comissões do Congresso.

O deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) e o senador Jefferson Peres (PDT-AM) abordaram o tema numa sessão pública da CPI Mista, há uma semana, durante o depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

?Na resposta, ele deixou claro que sabia da existência de um operador que faz a ligação entre os fundos e a formação de caixa dois?, observa o senador José Jorge (PFL-PE).

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