Brasília (AE) – Os presidentes dos três maiores fundos de pensão do País (Previ, Petros e Funcef) admitiram ontem em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Mensalão que o contrato fechado com o Citibank para a compra de 45% das ações da Brasil Telecom em 2007 é uma operação de risco, como todas as outras do mercado.
?Não é 100% segura, como não é segura nenhuma operação. Mas se não exercermos a opção de compra, nossas ações viram pó?, disse Sérgio Rosa, presidente do Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
Para o relator da CPMI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), depois de ouvir o depoimento dos três presidentes dos fundos, ?ficou a conclusão inevitável de que as entidades assumiram o compromisso de pagar um preço enorme, enquanto para o Citibank não há risco algum?.
Nessa operação, que deverá ser fechada entre novembro de 2007 e novembro de 2008, os fundos comprarão os 45% da Brasil Telecom que pertencem ao Citibank por valor previsto de R$ 93 cada ação. Sérgio Rosa, do Previ, disse que ontem as ações valiam R$ 23.
?Como o senhor pode dizer que uma ação que hoje vale R$ 23 pode chegar a R$ 93 em 2007?? perguntou o deputado José Rocha (PFL-BA). Sérgio Rosa respondeu que esse é o cálculo do mercado e que ela pode não chegar ao valor previsto. Disse ainda que os valores oferecidos ao Citibank são praticamente iguais aos ofertados pelo Banco Opportunity, que mesmo com 10% das ações da Brasil Telecom, controla a empresa.
?O Opportunity ofereceu U$ 374 milhões ao Citibank, valor muito próximo do que vamos pagar, isso daqui a dois anos?. Atualmente, o Citibank e os fundos de pensão travam batalhas jurídicas em vários países – Brasil, Estados Unidos e Holanda, entre outros – por causa do controle da Brasil Telecom.
O assunto, que aparentemente não tem nada a ver com as investigações a respeito do pagamento de mesadas para que deputados votassem a favor de projetos do governo, acabou por dominar os trabalhos da CPMI do Mensalão durante todo o dia de ontem.
Os parlamentares suspeitam que fundos de pensão grandes tenham feito operações que possam ter permitido repasse de dinheiro para bancos utilizados pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, uma forma de compensar o pagamento ao PT e aos partidos da base aliada.