Funai encontra tribo de índios isolada há 57 anos

Um grupo de 87 índios mentuktire do qual não se tinha notícia havia 57 anos fez contato há uma semana com caiapós que vivem em comunidade com o homem branco, no norte de Mato Grosso. Eles abandonaram a terra onde moravam, no sul do Pará, e migraram em busca de proteção. O grupo jamais havia tido contato com homens de outra cultura ou mesmo se aproximado de índios que com eles tenham convivência.

É o primeiro registro que se tem de uma migração em massa de índios que viviam isolados na selva e por iniciativa própria buscaram a aproximação com regiões urbanizadas. A Fundação Nacional do Índio (Funai) acredita que eles foram vítimas de garimpeiros ou madeireiros, que invadiram suas áreas e chegaram a matar alguns deles.

O primeiro contato ocorreu na quinta-feira da semana passada. Segundo o presidente da Funai, Márcio Augusto de Meira, os mentuktires (um dos vários subgrupos de caiapós) são da mesma família da tribo do cacique Raoni, que desde 1950 passou a conviver com o homem branco, no norte de Mato Grosso. Nesse processo de contato, parte deles recusou a aproximação e fugiu rumo ao norte.

Desde então, viviam isolados no sul do Pará, numa terra indígena já homologada pela Funai chamada Menkragnoti. ?Eles foram considerados pelos caiapós do antigo grupo como desaparecidos; achavam que eles tinham morrido vítimas de alguma epidemia?, conta Meira. A Funai, apesar de considerar a existência deles, nunca fez contato.

Nos últimos meses, os caiapós da tribo de Raoni, chamada Capoto/Jarina, informaram à Funai que índios desconhecidos chegaram próximo de seu território e emitiram sons e sinais, mas sem fazer contato visual. Na quinta-feira da semana passada, jovens índios da terra de Capoto/Jarina avistaram numa mata próxima à aldeia dois índios que fizeram contato. Eram os mentuktires que consideravam desaparecidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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