Entre as pessoas que desenvolvem câncer de cabeça e pescoço, 95% são fumantes ou têm histórico de tabagismo. Pesquisa do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) também mostra que os homens representam 90% dos afetados.

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O levantamento foi feito com 327 pacientes em tratamento no instituto. Os dados se referem a tumores que atingem o trato aerodigestivo, ou seja, boca, faringe, laringe e traqueia. Segundo o oncologista do Icesp Gilberto Castro, mais de 65% dos casos correspondem a tumores na cavidade bucal e na faringe.

“O tabagismo é o principal fator de risco para esse tipo de câncer. O consumo de bebidas alcoólicas, principalmente destiladas, também eleva o risco. Geralmente, os dois hábitos estão associados”, afirma Fernando Luiz Dias, chefe da Seção de Cirurgia da Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (Inca). “A ação é cumulativa. O tempo que o paciente fumou e a quantidade de cigarros por dia fazem toda a diferença.”

Dias explica que o problema é mais incidente em homens não só porque fumam mais, mas também porque cuidam menos da saúde bucal. “A presença de placa bacteriana e de dentes quebrados que causam traumas crônicos na bochecha, por exemplo, também elevam o risco.” A infecção por papilomavírus humano (HPV), que ocorre por contágio sexual, pode causar câncer de garganta.

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Por estarem em locais visíveis, esses tumores podem ser detectados precocemente, até por meio de autoexame. Mas, segundo o oncologista do Icesp, mais de 70% dos pacientes que procuram atendimento já estão com a doença em estágio avançado. “Se for tratada no início, as chances de cura são boas. Mas, como a maioria chega tarde, 70% acaba morrendo em cinco anos. Muitas vezes, aqueles que sobrevivem ficam com sequelas que prejudicam a qualidade de vida”, diz.