O sub-relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), disse ontem que vai sugerir ao relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o fim dos relatórios parciais. Fruet deve até mesmo propor que aquele que ele preparou sobre a movimentação financeira do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza não seja votado na quinta-feira, como previsto. ?Algumas pessoas querem inviabilizar a CPMI e eu não vou legitimar esse joguinho político que vimos nesta semana?, reclamou. ?Não se discute o relatório, mas o que não está no relatório e virou uma disputa entre setores do PT e do PSDB.?
Por não ter incluído no texto o empréstimo feito por Valério, em 1998, para pagar despesas da campanha à reeleição do então governador de Minas Gerais, senador Eduardo Azeredo (PSDB), criou-se um impasse com membros do PT que fazem parte da comissão. ?Esse primeiro relatório era só para examinar os seis empréstimos do Marcos Valério para o PT em 2003 e 2004?, justificou o sub-relator da CPI dos Correios. ?Mas nem isso está sendo possível viabilizar; por isso, é melhor parar com as votações dos relatórios parciais e trabalhar de forma mais abrangente no relatório final.?
Mas Fruet não quer abandonar o que foi feito até agora. Por isso, informou que enviará o que possui a Serraglio, incluindo até os depoimentos da CPMI do Mensalão. Também reunirá todas as sugestões feitas pelo PT com relação aos fatos envolvendo Azeredo, compreendendo as declarações do ex-coordenador financeiro da campanha Cláudio Mourão. Junto, seguem ainda as declarações do publicitário Duda Mendonça e do ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT Delúbio Soares. Segundo Fruet, caberá ao relator da CPI dos Correios divulgar aquilo que lhe for remetido.
O sub-relator da CPMI adiantou ainda que se antecipará ao fim da comissão, remetendo na próxima semana todos os documentos públicos que possui a respeito dos fatos investigados para os Ministérios Públicos Federal (MPF) e de Minas Gerais, Polícia Civil mineira, Polícia Federal (PF) e Conselho Regional de Contabilidade (CRC) de Minas. ?A análise contábil-financeira da movimentação do Marcos Valério indica lavagem de dinheiro, tráfico de influência, sonegação, crime contra a ordem tributário, crime contra o sistema financeiro e fraude contábil?, enumerou. Fruet disse que toma essas precauções para não cair numa ?armadilha?, que seria a disputa entre PT e PSDB. ?Isso vai prejudicar a investigação, como está prejudicando agora a votação do relatório parcial?, argumentou.